Em 2018, Imran Khan, a lenda do críquete paquistanês que fez campanha contra a corrupção, teve a sua grande oportunidade. Após mais de duas décadas no deserto político, a carismática estrela, formada em Oxford, aproveitou a publicação dos Panama Papers, exposição jornalística de 2016 do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), que revelou os segredos offshore da elite global. As revelações mostravam, entre outras coisas, que os filhos do então primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, possuíam em segredo uma série de luxuosos apartamentos em Londres.
Aproveitando uma onda de indignação pública, Khan encabeçou protestos em todo o país e um protesto passivo frente à residência do chefe do Governo, exigindo que se demitisse. Nas legislativas de 2018, com o apoio do poder militar, Khan elevou o seu partido reformista, o Movimento Paquistanês pela Justiça (PTI), acima dos seus rivais e aterrou no gabinete do primeiro-ministro em Islamabade.
No discurso de vitória, transmitido pela televisão, prometeu uma nova era. “Vamos impor o primado da lei”, disse. “Não importa quem viola a lei, agiremos contra todos. As nossas instituições estatais serão tão fortes que irão acabar com a corrupção. A responsabilização começará comigo, depois com os meus ministros e assim sucessivamente”.
Documentos revelam agora que os principais membros do círculo restrito de Khan, incluindo ministros do governo, suas famílias e principais financiadores, são proprietários secretos de empresas e fundos com milhões de dólares de riqueza oculta. Os comandos militares também foram implicados. Os documentos não contêm sugestão de que o próprio Khan tenha empresas offshore.
Artigo Exclusivo para subscritores
Subscreva já por apenas 1,73€ por semana.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt
Subscreva e junte-se ao novo fórum de comentários