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Coreia do Sul lança foguetão espacial mas não consegue colocar carga em órbita

por RTP
O foguetão Nuri foi lançado do centro espacial Naro, em Goheng, na Coreia do Sul Reuters

A Coreia do Sul lançou o primeiro foguetão de fabrico nacional, tendo transmitido as imagens na televisão. No entanto, não conseguiu colocar em em órbita a carga fictícia que transportava. Apesar deste sucesso parcial, o presidente sul-coreano quer avançar com um ambicioso programa espacial e avisa que "a Idade Espacial Coreana está a chegar".

"Embora não tenha alcançado completamente os seus objetivos, saímo-nos muito bem no nosso primeiro lançamento", comentou o presidente Moon Jae-in, após assistir ao lançamento no centro de controlo.

A colocação em órbita de um satélite fictício continua a ser uma missão inacabada”, notou o presidente sul-coreano. No entanto, o lançamento e as três fases do "Veículo coreano de lançamento de satélites II", assim como a separação da carga útil de 1,5 tonelada, correram conforme previsto, assinalou também o presidente sul-coreano.

Moon Jae-in quis deixar uma mensagem de apoio aos funcionários do Instituto de Investigação Aeroespacial da Coreia (KARI), que coordenou o projeto espacial. “Não vai demorar muito até que consigamos lançá-lo na trajetória pretendida”, disse. “A Idade Espacial da Coreia está a chegar”, acrescentou.

Segundo o ministro das Ciências, a missão fracassou porque o motor da terceira fase parou de queimar 46 segundos mais cedo do que o previsto.

As três fases do foguete são movidas por propulsores de combustível líquido, construídos por uma afiliada do conglomerado Hanwha da Coreia do Sul, com um aglomerado de quatro propulsores de 75 toneladas no primeiro estágio, mais 75 toneladas no segundo e um único foguete de 7 toneladas motor na fase final.

Na torre de controlo, os gritos e aplausos que já celebravam o aparente sucesso calaram-se.

O lançamento foi acompanhado em direto no Parlamento, que interrompeu os trabalhos. O foguete KSLV-II Nuri foi lançado do centro espacial de Naro às 17h locais (9h00 em Lisboa).
Projeto espacial sul-coreano
Nuri, ou "mundo", é um foguete projetado para colocar cargas úteis de 1,5 tonelada em órbita, de 600 a 800 quilómetros acima da Terra. Faz parte de um esforço espacial mais amplo que inclui satélites para vigilância, navegação, e comunicações, e até mesmo sondas lunares.

Para o desenvolvimento do Nuri participaram cerca de 30 empresas sul-coreanas. O foguetão demorou uma década a ser desenvolvido e custou dois triliões de won (2,18 mil milhões de euros). Com seis motores de combustível líquido, pesa 200 toneladas e tem 47,2 metros de comprimento.

"Os países que estão na vanguarda da tecnologia espacial estarão na vanguarda do futuro. E ainda não chegamos demasiado tarde para isso", sustentou o presidente, acrescentando que uma nova tentativa vai decorrer a 19 de maio. O Instituto Aeroespacial da Coreia prevê realizar mais cinco testes antes do foguetão transportar carga real.

A Coreia do Sul consta agora de um grupo de dez países com capacidade para desenvolver e lançar veículos espaciais. Um dos objetivos de Seul é fazer aterrar uma sonda na Lua até 2030.

“Graças às conquistas dos sistemas de foguetes sul-coreanos, o Governo prosseguirá um programa ativo de exploração espacial”, tinha referido em março o presidente Moon Jae-in.

“Os foguetes são o único meio que a humanidade tem de chegar ao espaço”, observa o diretor do Instituto Coreano de Estudos Aeroespaciais. “Deter tal tecnologia significa que temos todas as condições de base para participar nesta competição pela exploração espacial”, explica Sang-ryul ao jornal Chosun Biz.

Apenas seis países conseguiram lançar com sucesso uma carga útil superior a uma tonelada nos seus foguetes.

Décima segunda economia mundial, a Coreia do Sul ficou para trás na conquista do espaço, numa corrida liderada pela União Soviética com o lançamento do primeiro satélite em 1957, seguida de perto pelos Estados Unidos.

A China, o Japão e a Índia desenvolveram programas espaciais avançados, com a Coreia do Norte a ser o mais recente país a juntar-se ao grupo dos países capazes de lançar um satélite.

A tecnologia dos foguetões espaciais é idêntica à dos mísseis balísticos. Por considerarem que se tratava de um teste disfarçado, os países ocidentais condenarem o facto de, em 2012, Pyongyang ter posto em órbita um satélite de 300 quilos.
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