Política

As autárquicas que mudaram o país político

17 outubro 2021 8:46

Marina Costa Lobo

Marina Costa Lobo

Investigadora do ICS

Mais do que uma escolha positiva da direita, o resultado de Lisboa sinalizou um desencanto com o Partido Socialista. Moedas mostrou um caminho que parecia muito difícil há poucos dias

17 outubro 2021 8:46

Marina Costa Lobo

Marina Costa Lobo

Investigadora do ICS

Na semana anterior às autárquicas de 26 de setembro passado, tudo parecia encaminhado para uma noite tranquila para o Partido Socialista. Entrava como maior partido autárquico, ia manter Almada, talvez ganhar Coimbra, Viseu ou Évora. E, além disso, Fernando Medina venceria, confortavelmente, as eleições em Lisboa. Quem estava preocupado era Rui Rio, que já tinha avisado que se o resultado fosse poucochinho não se recandidatava a líder do PSD em janeiro. Assim que fecharam as urnas e foram publicados os primeiros números das sondagens à boca das urnas começou-se a antever uma noite longa. Cerca da uma da manhã, Medina reconheceu a derrota, numa plateia onde estava António Costa, que lhe foi dar um abraço para exprimir o seu apoio. Rui Rio, ao contrário, foi-se deitar mais descansado — o PSD não só conseguiu inverter significativamente o declínio que já vinha de 2009, aumentando em 16 o número de Câmaras lideradas pelo partido, como se tornou o partido com mais capitais de distrito. Ganhou Coimbra e Portalegre, manteve Viseu, recuperou o Funchal e, sobretudo, Carlos Moedas ganhou em Lisboa, uma Câmara que o PS controlava desde 2009.

Apesar de se manter como maior partido autárquico, o Partido Socialista perdeu um quarto de milhão de votos em Portugal, comparando com as autárquicas de 2017. Este resultado não pode ter senão uma leitura nacional, até pela forma como o primeiro-ministro se envolveu, um pouco por todo o país, na campanha. Por todas estas razões, as autárquicas mudaram o país político.