Sobre os filhos dos grandes jogadores recai sempre uma pressão adicional para que ultrapassem os feitos dos pais, ou pelo menos que igualem. Nem sempre acontece, mas o clã Maldini poderá gabar-se de ter dois jogadores de classe mundial e que marcaram de forma indelével a história do futebol italiano.
Primeiro foi Cesare, defesa elegante, com grande capacidade técnica, com mais de 400 jogos pelo Milan entre as décadas de 50 e 60, onde ganhou quatro títulos italianos e uma Taça dos Campeões Europeus em 1962/63, batendo o Benfica na final.
Em 1955, o seu primeiro golo no campeonato italiano foi até frente à equipa onde deu os primeiros passos, no Triestina, da cidade de Trieste, na fronteira com a Eslovénia, onde a família tem origens.
Paolo conseguiu fazer melhor que o pai. Primeiro como defesa esquerdo e depois como central, a glória do Milan, onde fez toda a carreira, 25 épocas sem interrupções, é ainda hoje considerado um dos melhores defesas da história. Capitão do Milan e da seleção italiana tal como o pai, o currículo é ainda mais impressionante, com sete títulos na Serie A e cinco títulos europeus, entre Taças dos Campeões Europeus e Ligas dos Campeões. No total, foram mais de 900 jogos pelo Milan, com 33 golos marcados, número respeitável para um defesa. O primeiro golo na Serie A foi contra o Como, em 1987.
Mas agora há uma nova geração de Maldinis e desta vez não é na linha defensiva. Daniel até começou a jogar em terrenos mais recuados, mas foi subindo até se tornar num médio ofensivo de boa leitura de jogo e capacidade de drible. Daniel estreou-se oficialmente na equipa principal do Milan em fevereiro de 2020, num jogo da Serie A frente ao Verona, e este sábado foi pela primeira vez titular pela equipa que fez do avó e do pai mitos e onde fez toda a caminhada enquanto jogador nas camadas jovens.
E a estreia a titular não poderia ter corrido melhor: frente ao Spezia e com o pai Paolo nas bancadas, Daniel marcou de cabeça logo nos primeiros minutos da 2.ª parte. A jogar em casa, o Spezia ainda faria o empate, com a vitória do Milan a surgir já muito próximo do apito final, pelo espanhol Brahim Díaz.
Daniel tornou-se assim na terceira geração de Maldinis a marcar na Serie A. O primeiro passo está dado, mas até chegar à condição de imortal que Cesare e Paolo têm em San Siro ainda faltam muitos golos e títulos ao jovem.
Com 19 anos, tem todo o tempo do mundo.