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Relatório do Banco de Portugal deteta disparidades na inclusão financeira

Os entrevistados com maiores níveis de escolaridade e de rendimento apresentam os melhores resultados no índice de literacia financeira global, refere o relatório do Banco de Portugal. Por outro lado os mais jovens demonstram níveis mais elevados do que os seniores com 70 anos ou mais. As mulheres também ficam aquém dos homens na literacia financeira. 
23 Setembro 2021, 12h45

A inclusão financeira digital dos portugueses é muito díspar entre os diferentes grupos etários, diz o Banco de Portugal no seu Relatório sobre a Inclusão Financeira e Digital e Escolha de Produtos Bancários em Portugal.

Os portugueses apresentam um elevado nível de inclusão financeira, de acordo com o relatório publicado hoje pelo Banco de Portugal, que analisa dados recolhidos no início de 2020 no âmbito do 3.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa. No entanto existem diferenças significativas entre as várias faixas etárias.

Os entrevistados com maiores níveis de escolaridade e de rendimento apresentam os melhores resultados no índice de literacia financeira global. Os jovens demonstram níveis mais elevados do que os seniores com 70 anos ou mais. Por outro lado, os trabalhadores apresentam melhor desempenho do que os desempregados, enquanto as mulheres têm, em geral, resultados aquém dos homens.

Segundo o relatório, cerca de 70% dos entrevistados estão no nível mais elevado de inclusão financeira, uma vez que utilizam com regularidade a conta de depósito à ordem e detêm outros produtos financeiros, com destaque para os depósitos a prazo (41,6%) e os cartões de crédito (36,2%).

É também significativa a percentagem de entrevistados que sabe que existe a conta de serviços mínimos bancários (50,9%). Mais de um quinto (23%) sabe que esta conta existe e que a condição de acesso é ter uma única conta de depósitos à ordem no sistema bancário, o que representa um forte aumento face a 2015 (4,9%) e 2010 (1,4%), refere o BdP.

No que diz respeito à inclusão financeira digital, quase metade dos entrevistados utiliza os canais digitais (homebanking ou apps) disponibilizados pelas instituições para acesso à conta de depósito à ordem e a outros produtos e serviços bancários. “Existem diferenças significativas entre as várias faixas etárias. Nas pessoas com idades entre 25 e 39 anos, 74,7% dos entrevistados utilizam canais digitais, percentagem que desce para 8,1% nos entrevistados com 70 ou mais anos”, detalha o regulador bancário.

Segundo o mesmo estudo, poupar continua a ser uma preocupação da maioria dos portugueses, com cerca de 60% dos inquiridos a afirmarem fazer poupanças, em linha com os resultados obtidos em 2015 (59%) e acima dos de 2010 (52%). A principal razão para poupar é fazer face a despesas imprevistas (49,8% dos entrevistados). Os entrevistados referem também poupar para despesas futuras não regulares, como férias ou viagens (15,4%), para pagar a educação e ajudar os filhos (14%) ou para a reforma (9,5%).

O Banco de Portugal constatou que três quartos dos entrevistados que contratam empréstimos referem ler a informação pré-contratual e contratual. A leitura desta informação é referida por cerca de 72% dos inquiridos que contratam depósitos a prazo. O conselho do colaborador da instituição ao balcão é a fonte de informação referida por 63,9% dos entrevistados na contratação de empréstimos e por 41,4% dos entrevistados na contratação de depósitos a prazo.

Quanto à compreensão de conceitos financeiros, os entrevistados revelam fragilidades em descrever os conceitos de Euribor e de spread, revela o BdP.

 

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