Perfil

Futebol internacional

Marcos Alonso vai deixar de se ajoelhar antes do início dos jogos. Gesto contra o racismo “está a perder a força”, diz

O defesa espanhol do Chelsea vai passar a apontar para o símbolo presente nas camisolas, onde se pode ler "Não ao racismo", já que acredita que o gesto de ajoelhar já não tem impacto

Tribuna Expresso

Marc Atkins/Getty

Partilhar

A morte de George Floyd às mãos da brutalidade policial norte-americana marcou um antes e um depois no movimento Black Lives Matter. Em maio de 2020, milhares de protestos irromperam mundo fora contra o racismo, a violência policial e rapidamente o desporto se associou à luta pelos direitos civis, numa altura em que os diferentes campeonatos recomeçavam, depois da paragem forçada pela pandemia.

Da Fórmula 1 à NBA, não faltaram campanhas de sensibilização por uma maior justiça social. No futebol, muitos atletas adotaram o gesto de se ajoelharem antes do apito inicial, um movimento que teve particular expressão em Inglaterra.

Mas, praticamente ano e meio depois, há quem acredite que esta forma de luta está ultrapassada, gasta. Marcos Alonso, espanhol do Chelsea, anunciou esta terça-feira que vai deixar de ajoelhar-se antes do início de cada jogo. Não porque tenha deixado de acreditar na mensagem e na luta contra o racismo, mas sim porque acredita que o gesto “está a perder a força”.

“Sou totalmente contra o racismo e contra qualquer forma de discriminação”, disse o atleta, em declarações citadas pela BBC. Em vez disso, o defesa vai adotar outra forma de apoiar a causa. “Prefiro apontar o meu dedo para o símbolo da camisola que diz ‘Não ao racismo’, tal como já se faz em outros desportos”, revelou.

Mike Egerton - PA Images/Getty

No início da temporada, os jogadores das 20 equipas da Premier League acertaram que iriam continuar a ajoelhar-se antes do apito inicial de cada jogo, mas já na temporada passada Wilfried Zaha, ele próprio já vítima de ataques com motivação racista nas redes sociais, havia decidido ir por outro caminho. O extremo do Crystal Palace sublinhou então que o gesto de ajoelhar era “degradante” e que os jogadores deveriam combater o racismo “de pé”.

No início deste mês, durante um encontro de qualificação para o Mundial de 2022, adeptos polacos assobiaram e vaiaram os jogadores da seleção de Inglaterra, que se ajoelharam antes do início do jogo, tal como fizeram durante todo o Europeu. As câmaras captaram então o capitão da Polónia, Robert Lewandowski, a apontar para o símbolo da UEFA presente nas mangas das camisolas, onde se pode ler “Respect” [respeito]. Tal gesto foi visto como um apoio aos jogadores ingleses e uma crítica aos próprios adeptos da casa. E é precisamente este gesto que Marcos Alonso quer agora imitar, continuando assim, à sua maneira, a luta contra o racismo.

“Prefiro fazer desta maneira e dizer de forma clara que sou contra o racismo e que respeito toda a gente”, frisou o jogador de 30 anos, um dos capitães do Chelsea.