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BE acusa Governo de criar “Simplex” para licenciar mais estufas e contentores em Odemira

O terceiro dia do período oficial de campanha da caravana do BE começou hoje em Odemira, tendo o partido recorrido a um drone para mostrar, em tempo real, o “mar de plástico” resultante das estufas.
  • Tiago Petinga/LUSA
16 Setembro 2021, 17h51

A coordenadora do BE, Catarina Martins, acusou esta quinta-feira o Governo de, com a cumplicidade da autarquia de Odemira, ter criado um “Simplex para licenciar mais plástico” das estufas e criar “cidades de contentores” para os trabalhadores viverem.

O terceiro dia do período oficial de campanha da caravana do BE começou hoje em Odemira, tendo o partido recorrido a um drone para mostrar, em tempo real, o “mar de plástico” resultante das estufas.

“Quando nós já estamos nesta situação de explosão de gente, de explosão de plástico, de explosão de pesticidas, de falta de água tão dramática, o Governo decide simplificar o processo para triplicar a área de estufas. Temos 1600 hectares e em pouco tempo pode chegar aos 4800 hectares”, criticou.

De acordo com a líder do BE, o Governo, “com a cumplicidade da autarquia”, fez aquilo que apelidou de “Simplex para licenciar mais plástico e para criar autênticas cidades de contentores para os trabalhadores que para aqui vêm”.

“O que está previsto neste momento é que se a autarquia em 10 dias não conseguir analisar o processo destas chamadas habitações temporárias, que são contentores, os contentores ficam imediatamente legalizados. Isto é, um Simplex para mais estufas com mais trabalho forçado numa zona em que já há tantos problemas. É verdadeiramente inaceitável”, condenou.

Catarina Martins explicou ainda que, simultaneamente, “o Governo abriu também uma linha com cinco milhões de euros em que financia até meio milhão de euros as estufas para criarem contentores”.

“Está mesmo a promover ativamente não só que a Costa Vicentina deixe de ser conhecida por este mar extraordinário, mas sim pelo mar de plástico, mas como também a existência de cidades – já não estamos a falar de aldeias, já estamos a falar de cidades – de contentores com trabalhadores sem as mínimas condições, tantos deles sujeitos como sabemos ao trabalho forçado”, apontou.

Acompanhada por Pedro Gonçalves, candidato do BE à Câmara de Odemira, a líder bloquista referiu nas eleições autárquicas de 26 de setembro “é muito importante” a posição que o concelho vai ter.

“É preciso dizer que a autarquia foi cúmplice da instalação selvagem das estufas, da exploração selvagem destes trabalhadores e da utilização selvagem da água que deixou tanta gente sem acesso à água neste verão”, afirmou.

Segundo Catarina Martins, o candidato do BE é o único que o disse claramente que “não aceitará nem mais um metro de estufa em Odemira”.

Na opinião da dirigente do BE “há responsabilidade dupla” quer do Governo quer da câmara de Odemira.

“E o Bloco de Esquerda, sabem-no, levantou este tema inúmeras vezes na Assembleia da República e já dissemos que é preciso proibir mais um metro de estufa de Odemira, garantir outra distribuição da água, que os trabalhadores têm direitos e é preciso garantir casas a quem trabalha e não tratar as pessoas como se fossem alfaias agrícolas e metê-las num contentor ao lado da exploração”, recordou.

Na perspetiva o candidato do BE à câmara, as imagens que o partido mostrou com recurso a um drone serão muito importantes “para muita gente no concelho” porque apesar de saber que “existe muito plástico, muitos trabalhadores, muita exploração, não há a real noção do que existe em Odemira”.

“Há uma vontade de, por trás da vegetação, esconder o plástico, também existe muita vontade de esconder dos odemirenses tudo o que aqui se vai passando. A saúde dos odemirenses tem que estar primeiro do que os milhões da agroindústria”, acusou.

Pedro Gonçalves referiu que, no caso das estufas, há uma “clara luta de cinco contra um”.

“Cinco partidos a não se importarem que haja mais agricultura intensiva, cinco partidos a não se importarem que haja mais estufas, mas o Bloco está orgulhosamente só do outro lado a dizer que não pode ser. Nem mais uma estufa em Odemira”, sublinhou.

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