Cultura

"Uma pausa nas prisões constantes". Três membros das Pussy Riot anunciam que vão deixar a Rússia

"Uma pausa nas prisões constantes". Três membros das Pussy Riot anunciam que vão deixar a Rússia
Ryan Pierse/Getty Images

Outras ativistas do grupo acusadas por desobediência a regras sanitárias, entre outras coisas, contraíram covid-19 na prisão

Luís M. Faria

Jornalista

Três membros do coletivo russo Pussy Riot anunciaram que vão deixar a Rússia durante algum tempo. Alexander Sofeyev, Anna Kuzminykh and Veronika Nikulshina indicaram que o objetivo terem não é passarem a viver no exílio, mas "fazer uma pausa das prisões constantes durante um segundo".

Com a Rússia a atravessar uma crise económica e sanitária que ameaça a legitimidade do presidente Vladimir Putin,que se encontra no poder há mais de vinte anos e não dá nenhuma indicação de que tencione deixá-lo num futuro próximo, o Kremlin tem vindo a intensifica a repressão de quaisquer movimentos de oposição. O advogado Alexey Navalny, que se especializou em denunciar a corrupção maciça de Putin e dos seus aliados, encontra-se a cumprir uma pena de cadeia, depois de ter sido envenenado com novichok o ano passado, e vários membros da Pussy Riot, um grupo de protesto feminista, têm sido condenados a penas de cadena, geralmente curtas, por ofensas como desobediência à polícia ou incumprimento de regras "epidemiológicas ou sanitárias" durante protestos.

Entretanto, duas membros do grupo acusadas de não respeitar essas regras parecem ter contraído covid-19 na cadeia. Uma delas, Lucy Shteyn, escreveu há dias no Instagram: "Finalmente, há pelo menos alguém que ficou de facto infetado neste caso, mas por azar não é uma vítima de crime e sim um réu".

Acusando as autoridades de porem as detidas juntas numa sala comum sem tomar precauções, notou a ironia de ter ficado infetada durante o próprio processo em que é acusada e contribuir para espalhar a doença. "Parece que o vírus está a fazer o seu percurso pelo centro de detenção especial. Várias pessoas já caíram doentes lá ou após serem libertadas", diz.

Outra dessas pessoas é uma ativista que usa o pseudónimo Rita Flores e que, tendo sido hospitalizada com covid-19 aparentemente contraída na cadeia, viu agora um juiz confirmar que terá de cumprir o resto da sua pena quando receber alta do hospital.

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