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Banco Montepio melhora prejuízos para 33 milhões no semestre

O banco liderado por Pedro Leitão regista uma variação positiva nos resultados no montante de 18 milhões de euros em junho. Mas produto bancário cai 12%. O rácio NPE (malparado) melhorou para 9,3%, face aos 12% do ano passado.
30 Julho 2021, 15h35

O Banco Montepio registou no primeiro semestre de 2021 um resultado líquido consolidado de -33 milhões de euros, valor que compara favoravelmente com os  também prejuízos de 51 milhões registados no período homólogo de 2020. O banco liderado por Pedro Leitão regista uma variação positiva nos resultados no montante de 18 milhões de euros, dadas as menores dotações para imparidades e provisões, bem como a redução dos custos operacionais.

O Jornal Económico desta sexta-feira avançava que o banco iria reportar uma redução dos prejuízos para cerca de 30 milhões de euros.

Os resultados líquidos do primeiro semestre de 2021 do banco incorporam um custo de 23 milhões relacionado com as contribuições obrigatórias do setor bancário, para o Fundo de Garantia de Depósitos, para o Fundo de Resolução e para o Fundo Único de Resolução.

Em termos de receitas, a margem financeira do primeiro semestre de 2021 alcançou 114 milhões de euros comparando com os 121 milhões apurados em igual período de 2020 (-5,8%). Já as comissões líquidas dos primeiros seis meses de 2021 atingiram 55 milhões situando-se praticamente ao nível do valor contabilizado em idêntico período de 2020 tendo sido impulsionadas pelas comissões relacionadas com meios de pagamento e com mercados. O produto bancário caiu 11,9% num ano, para 159,5 milhões.

Os resultados em operações financeiras apresentados no primeiro semestre de 2021 foram negativos em 3 milhões de euros, o que compara com os 14 milhões que haviam sido apurados no período homólogo. Isto reflete os menores ganhos com títulos de dívida verificados nos primeiros seis meses de 2021, por um lado, e a evolução favorável dos resultados com instrumentos financeiros derivados, por outro, quando comparados, em ambas as situações, com o montante
relevado no semestre homólogo.

Redução dos custos operacionais recorrentes. 

Do lado dos custos operacionais foram contabilizados nos primeiros seis meses 129,3 milhões de euros (-1,3%), o que inclui custos one-off de 4,1 milhões relacionados com a implementação do plano de ajustamento do quadro de colaboradores efetivada no decurso do primeiro semestre de 2021 e com os custos incorridos no âmbito da alienação de ativos não core.

Assim, excluindo este impacto, os custos operacionais teriam sido de 125 milhões apresentado uma diminuição de 4,4% quando comparados com o montante alcançado em idêntico período de 2020, e que traduzem, em base comparável, a descida dos custos com o pessoal em 5,6% e dos gastos gerais administrativos em 6,9%, demonstrando, deste modo, o progresso concretizado na entrega do objetivo estratégico relacionado com a melhoria dos níveis de eficiência e de rendibilidade.

O que é certo é que o banco Montepio piorou ligeiramente o rácio de eficiência, uma vez que se fixou, no final do primeiro semestre, excluindo o efeito volátil dos resultados de operações financeiras, dos outros resultados e dos custos não recorrentes, nos 73,5%, que compara com 73,4% registados no final de junho de 2020. Um longo caminho tem o banco a percorrer para comparar favoravelmente com os seus pares nacionais.

O banco que tem um plano de reestruturação e de redução de pessoal em curso, diz no comunicado que no âmbito da otimização da rede de retalho, entre outubro de 2020 e junho de 2021, foram encerrados 57 balcões, dos quais 20, no primeiro semestre do corrente ano.

Programa de redução de pessoal justifica 80% da saída de 296 pessoas

“No que se refere à evolução do quadro de pessoal, o Grupo Banco Montepio integrava no final do primeiro semestre de 2021 um total de 3.666 colaboradores, tendo-se registado uma diminuição de 296 (7,5%) face ao período homólogo de 2020”, diz a instituição.

O banco explica que a implementação do Programa 2020/2021 (programa de Reformas Antecipadas e Rescisões por Mútuo Acordo) no quarto trimestre do ano de 2020 foi responsável por 83% desta redução. A segunda fase do programa foi iniciada a 31 de maio de 2021, sendo expectável um continuado redimensionamento das equipas até ao final do ano em curso.

Recorde-se que o Banco Montepio obteve a autorização da tutela para poder despedir 400 trabalhadores até setembro de 2023, no âmbito do estatuto de empresa em reestruturação.

O Banco Montepio quer reduzir ao todo 600 a 900 postos de trabalho até setembro de 2023. Portanto, cerca de metade das saídas será por via de despedimentos e rescisões. O resto é por via de aposentações.

Custo do risco melhora 

A imparidade de crédito dos primeiros seis meses de 2021, que considera os reforços e as reversões de imparidades relacionadas com a análise efetuada à carteira de crédito, incluindo a análise individual e a abordagem coletiva, totalizou 55 milhões de euros e determinou um custo do risco de 0,9% que, apesar de se situar num patamar elevado, compara favoravelmente com o valor de imparidade de 109 milhões e com o custo do risco de 1,8% registado em junho do ano passado.

O banco reportou uma redução das non performing exposures (NPE) face a junho de 2020 em 349 milhões de euros, com o rácio NPE (malparado) a fixar-se em 9,3%, comparando favoravelmente com o rácio de junho de 2020 que era de 12%.

Por sua vez o rácio NPE, líquido de imparidade para riscos de crédito, melhorou para 3,9%, o que é um bom indicador do banco, já que traduz um reforço dos níveis de cobertura dos NPE por imparidades para crédito em balanço e colaterais e garantias financeiras associadas para 95,9% (57,7% se consideradas apenas as imparidades).

O agregado da imparidade de outros ativos financeiros, imparidade de outros ativos e outras provisões soma 6 milhões no primeiro semestre de 2021, face aos 14 milhões relevados no semestre homólogo de 2020, e evidencia as menores dotações efetuadas para outros ativos financeiros e para outras provisões que, neste caso, incluem o provisionamento das exposições off-balance, e o reforço das imparidades para outros ativos resultante das imparidades constituídas para imóveis de negociação.

Crédito e depósitos sobem

Nos dados do balanço, o crédito líquido de imparidades  e os depósitos de clientes aumentam face a 31 de dezembro, assim como em relação ao período homólogo de 2020.

O banco diz que “capturou os efeitos positivos da dinâmica comercial consubstanciados na evolução favorável do crédito e na diminuição do custo dos depósitos, que, ainda assim, não compensaram o efeito associado ao incremento de custos com as emissões de dívida subordinada e com a operação de titularização sintética”.

O crédito líquido de imparidades atingiu 11.658 milhões no final de junho de 2021, evidenciando um aumento de 80 milhões de euros face ao valor registado a 31 de dezembro de 2020, com o crédito vincendo a particulares a aumentar 105 milhões, dos quais 54 milhões no crédito à habitação e 52 milhões de euros no crédito ao consumo e outros.

Por outro lado, os depósitos de clientes ascenderam a 12.623 milhões de euros no fim de junho de 2021, o que representa um aumento de 121 milhões face ao valor registado no final de 2020, com os Depósitos de clientes particulares a representarem 76%.

O ponto mais fraco do Banco Montepio segue sendo o rácio de capital, o que é ainda mais relevante tendo em conta a pouco disponibilidade para a sua acionista Associação Mutualista Montepio Geral fazer um aumento de capital no banco.

O rácio Common Equity Tier 1 (CET1) (phasing-in) é de 11,4% em junho, sendo o rácio de capital total de 13,6%.

No que toca à liquidez, o banco está confortável, pois possui um rácio de cobertura de liquidez (LCR) de 261,0%.

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