Marcelo à espera de duas remodelações: no Governo e à direita

Foi uma semana de vários Marcelos: o “otimista irritante” sobre o decurso da pandemia na reunião com os peritos do Infarmed, o Presidente a ler cenários nas entrelinhas durante as reuniões com os partidos e um comentador de regresso à televisão na “Circulatura do Quadrado”, com preocupações sociais e económicas e mensagens afiadas para o primeiro-ministro e o líder da oposição. Nestes dias ensombrados pela morte de Otelo Saraiva de Carvalho e pela controvérsia sobre o lugar do “major” de Abril na História, Marcelo Rebelo de Sousa sentou-se no Palácio de Belém a ouvir os líderes partidários com os olhos postos no médio-longo prazo, até porque não deverá repetir estas reu­niões tão cedo: primeiro, porque no final de setembro haverá eleições autárquicas e por ser certo, depois, que se abre a corrida pelas lideranças à direita no PSD e no CDS — enquanto a esquerda terá de se entender para o OE.

Num contexto político em que tentou publicamente forçar uma inflexão de António Costa na transição da pandemia para o pós-pandemia na reunião do Infarmed — para a “narrativa” do “medo” dar lugar a um discurso “coerente”, pela “positiva” e pela “esperança”, como diria na TVI24 —, Marcelo não quis tanto ouvir os partidos em Belém sobre a conjuntura, mas sobre questões de alcance mais abrangente. Até porque o PRR irá para além da legislatura: mesmo com o recuo da pandemia, como é que os líderes olham para a crise económico-social? E como é que isso se reflete no sistema político? Foi o que Marcelo quis saber para apalpar terreno.

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