29 julho 2021 23:45
Expresso revela os bastidores da gestão de crise no pior incidente em duas décadas. Um quinto da eletricidade no país foi cortada automaticamente, mas bombagem em Alqueva escapou, por motivos ainda por apurar
29 julho 2021 23:45
São 15h35. João Conceição está ainda a terminar um almoço tardio e recebe uma chamada do diretor do centro de despacho da REN, que até estava de férias. Boa coisa não seria. “Foi grave. Passei o tempo todo ao telefone”, conta o administrador da gestora da rede elétrica. O presidente executivo da REN, Rodrigo Costa, tenta ligar-lhe, sem sucesso. Conceição continuava ao telefone. Num segundo, um quinto da eletricidade em Portugal sumiu. E foi por pouco, por muito pouco, que a Península Ibérica não ficou, toda ela, às escuras.
“Foi grave. Mas funcionou tudo como devia ter funcionado, incluindo a articulação técnica entre a REN e a E-Redes [a concessionária da rede de distribuição em baixa tensão]”, conta ao Expresso João Conceição, a partir de uma ampla sala de reuniões no 20º piso da sede da REN, com vista desafogada para a zona Norte de Lisboa. Rodrigo Costa junta-se à conversa. O que podia ter sido uma pequena falha de energia na tarde de sábado foi, afinal, um evento extraordinário. “Quando me faltou a luz, fui ver se o vizinho tinha luz. Não tinha. Quando me diz que a falha é também na cidade ao lado, ligo ao João. Estava interrompido. A seguir ligo ao diretor de despacho”, descreve o CEO da REN.