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Luís Vicente, trompetista, sobre a sensação de voltar a dar concertos: "Isto está mesmo a acontecer! Isto é real"

Luís Vicente
Luís Vicente
João Duarte

O músico vai abrir, esta sexta-feira, o festival Jazz em Agosto, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, com um concerto a solo. Numa conversa com o Expresso, fala do seu percurso pessoal e do seu trabalho

Luís M. Faria

Jornalista

O Jazz em Agosto, na Gulbenkian, é um dos principais acontecimentos culturais do verão. Após um ano de interregno, regressa esta sexta-feira. Ainda por motivos relacionados com a pandemia - condições pessoais de músicos estrangeiros que decidiram não vir a Lisboa - o primeiro concerto teve de ser cancelado. Assim, a honra de abrir o festival coube ao trompetista português Luis Vicente, que vai dar um concerto a solo.

"É um concerto de improvisação livre, ou, se preferir, de composição em tempo real", diz o músico. "Tenho uma ideia daquilo que irei tocar. Sei que irei visitar terrenos que me são familiares, em termos de abordagem ao instrumento. Mas tudo o resto será uma revelação. Será uma história, com um ponto de partida".

Uma só improvisação, ou várias? "Vejo como uma apresentação só, que poderá ter alguns momentos de silêncio", responde. A duração total andará entre 30 e 45 minutos, e o concerto terá lugar às 18 horas no auditório 2 da Fundação Gulbenkian, em Lisboa.

Também podia ser lá fora, explica Luís Vicente. "Não seria a primeira vez que apresentava um concerto a solo num espaço aberto. Há sempre uma comunhão entre a acústica do espaço, seja uma sala ou ao ar livre, e a minha percepção dos contornos daquilo que vou tocar".

No último ano, como todos os artistas, Luís Vicente teve muitas apresentações canceladas. Valeram-lhe os apoios oficiais: bolsas, DGArtes ("Não foi assim tão trágico", reconhece), e apesar das limitações conseguiu fazer alguns festivais. A agenda disponível no seu site (luis-vicente.pt) sugere uma atividade intensa, dentro e fora de Portugal. Refere concertos no início de agosto em Barcelona e Hamburgo, a duo com o percussionista Vasco Trilla.

Nascido em Torres Vedras, Luis Vicente viveu na Atalaia (concelho da Lourinhã) até ir estudar para Lisboa, aos 18 anos. Musicalmente, começou cedo - por volta dos sete anos, como autodidata, na filarmónica local. O instrumento foi logo o trompete. A certa altura ficou muito tempo sem tocar, pois "aquilo era bastante chato e desmotivante", segundo diz.

No final da adolescência, desafiado por amigos que tinham uma banda de ska e punk, aceitou o convite. Teve aulas privadas de trompete, fez várias masterclasses. Em paralelo, formou-se em línguas e literaturas modernas. "Nessa altura decidi meter-me no Hot Club".

Descreve o seu trabalho como "jazz, improvisação livre, música exploratória, música experimental. Entre o jazz e a música contemporânea livre". Faz o circuito dos festivais de jazz, sobretudo na Europa. Na última década, e em especial nos últimos seis anos, tem andado em digressão. "Tenho trabalho desenvolvido com músicos residentes na Holanda e na Bélgica, em Paris e na Alemanha. Nuns casos são colaborações, outros mais a título individual, como este tour que terminei a passada com um quarteto. Um dos membros veio de Washington, outro de Amsterdão, outro de Antuérpia, e andámos a tocar pelo país todo".

As emoções que experimentou, após o último ano, não são difíceis de entender: "Tive uma sensação enorme de alegria", recorda. "Isto está mesmo a acontecer! Isto é real".

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