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Pegasus. Autoridades israelitas inspecionaram empresa que criou programa de ciberespionagem

Pegasus. Autoridades israelitas inspecionaram empresa que criou programa de ciberespionagem
JOHN THYS´/ Getty Images

Enquanto Benny Gantz, ministro da Defesa de Israel, se encontrava, em Paris, com a homóloga gaulesa Florence Parly, as autoridades israelitas inspecionaram, esta quarta-feira, em Telavive, os escritórios da NSO, a empresa que desenvolveu e comercializou o ‘spyware’ Pegasus, programa que poderá ter sido usado para espiar o telemóvel de Macron

O presidente francês, Emmanuel Macron, é talvez o nome mais influente encontrado na lista de contactos do “Projeto Pegasus”, a investigação que elenca um conjunto de 50 mil potenciais alvos de vigilância por parte do software israelita, entre os quais figuram mais de 180 jornalistas, mas há também ativistas, chefes de Estado ou opositores políticos, líderes religiosos, empresários e académicos de 50 países alegadamente espiados. Até o círculo mais próximo de Dalai Lama, que não tem telemóvel, pode ter sido monitorizado pelo programa de ciberespionagem criado e comercializado pela empresa NSO. Também o fundador e dono do Telegram pode ter sido um dos alvos.

De forma a acalmar os ânimos, o ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, dirigiu-se a Paris para conversar com a sua homóloga francesa, Florence Parly, ao mesmo tempo que, em Telavive, as autoridades israelitas inspecionaram, esta quarta-feira, os escritórios da NSO.

Durante o encontro diplomático desta quarta-feira, Gantz garantiu a Parly que o estado de Israel está a analisar as acusações de espionagem com a “maior seriedade”, escreve o jornal israelita “Haaretz”.

O ministro da Defesa israelita assegurou igualmente que “Israel só dava autorizações de exportação de produtos informáticos para Estados e apenas para lutar contra o terrorismo e o crime".

Em comunicado, a empresa diz que se tratou de uma “visita” das autoridades aos escritórios e refuta a ideia de que tenham sido inspecionados de surpresa. A NSO assegura ter sido avisada antecipadamente por funcionários do Ministério da Defesa. Além disso, a empresa israelita garante estar “a trabalhar com total transparência com as autoridades”.

Através do Twitter, o Ministério da Defesa de Israel explica que a inspeção às instalações da empresa está diretamente relacionada com as informações que têm sido noticiadas sobre o “Projeto Pegasus”.

Macron já tinha falado diretamente na semana passada com o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennet, deixando clara a exigência para Israel “investigar adequadamente”, através de um inquérito, as revelações que têm sido divulgadas pelo consórcio internacional, composto por 17 órgãos de comunicação social, como o “The Guardian”, o “Le Monde” ou o “Washington Post”.

Os leaks, provenientes de uma fuga de informação, foram obtidos pela organização francesa “Forbidden Stories” em parceria com a Amnistia Internacional. Em causa, estão 50 mil contactos telefónicos que podem ter sido selecionados como alvos do Pegasus.

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