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Estrutura europeia dedicada ao empreendedorismo operacional no último trimestre

O secretário de Estado para a Transição Digital afirmou, em entrevista à Lusa, que a estrutura europeia dedicada ao empreendedorismo Europa Startup Aliança das Nações, cuja representação permanente ficará em Lisboa, deverá estar “operacional no último trimestre”.
21 Junho 2021, 21h53

Em 19 de março, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou o lançamento da estrutura europeia dedicada ao empreendedorismo – Europe Startup Nations Alliance (Europa Startup Aliança das Nações).

Questionado pela Lusa sobre quando é que esta estrutura vai estar operacional, André de Aragão Azevedo disse esperar que tal aconteça no último trimestre deste ano.

“Estamos a ultimar aquilo que é a formalização da constituição”, explicou, adiantando que isso implica que cada um dos Estados-membros identifiquem o seu representante, o que respeita um conjunto de formalidades administrativas e jurídicas.

“O nosso objetivo é no terceiro trimestre termos a estrutura constituída formalmente. Estamos também a lançar agora a rede de contactos para que todos os países passem a identificar quem é que é o seu ponto focal para que consigamos já começar a trabalhar em rede para que, no fundo, esteja operacional no último trimestre do ano”, explicou o governante, que falava à Lusa a propósito do balanço da presidência portuguesa da União Europeia no âmbito do digital.

Questionado sobre a localização da estrutura europeia, cuja localização em Lisboa já foi contestada, André de Aragão Azevedo foi perentório: “Vai ficar em Lisboa, foi isso que o senhor primeiro-ministro anunciou e foi isso que também de alguma forma resultou da negociação com a Comissão Europeia”.

O secretário de Estado explicou que a localização da Europe Startup Nations Alliance (ESNA) “não é uma escolha individual do Governo português, é um processo que decorreu ao longo de vários meses onde havia vários países concorrentes e várias cidades que tinham também interesse nesta localização”.

A escolha recaiu em Lisboa “porque neste panorama internacional era a cidade que apresentava os argumentos mais fortes”, além de que a capital portuguesa é também palco da cimeira tecnológica Web Summit.

Sobre o que é que a estrutura europeia vai fazer concretamente, André de Aragão Azevedo disse que “vai desde logo monitorizar o cumprimento” dos ‘standards’ aprovados pelos 27 países da UE.

Referiu que, para monitorizar, vai ser criada uma plataforma de dados que vai permitir obter informação “muito mais objetiva e muito mais fidedigna sobre o que está a acontecer em cada um dos países” em termos de empreendedorismo.

A Europa não é homogénea em termos de maturidade no que respeita ao empreendedorismo: “há um conjunto de países que estão na linha da frente e outros que estão um bocadinho mais atrasados e o que queremos é monitorizar cada um dos países individualmente, fornecer essa informação aos governos” de cada um deles “para que possam também tomar as medidas de correção necessárias” e haver “uma visão integrada”, explicou.

A ideia é que haja uma noção de ‘startup’ da Europa, disse, apontando que outra das áreas é a captação de talento.

“Queremos de facto criar instrumentos que possam por exemplo promover a atração para o espaço europeu de mais quadros qualificados” e, “desse ponto de vista, temos a intenção de lançar uma coisa que resultou da conversa de hoje que é um ‘startup visa’ europeu, ou seja, a capacidade de haver aqui uma abordagem coletiva europeia que possa atrair para o espaço europeu pessoas com altas qualificações, com perfil mais empreendedor”, salientou o governante.

Defendeu também que as entidades nacionais de cada um dos Estados-membros funcionem em rede.

“Nós temos a Startup Portugal e em Espanha há uma entidade congénere e queremos que elas funcionem todas em rede para que haja esta noção de mercado único europeu para a área do empreendedorismo”, salientou.

No fundo, “o que queremos é que uma ‘startup’ portuguesa – quando se quer internacionalizar – não tenha que lidar com 26 ordenamentos jurídicos e com 26 países que são na prática países diferentes, queremos que funcione como um mercado único à semelhança do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos”, apontou.

A Europa, disse, “tem uma tradição muito forte na área do conhecimento, da inovação e da ciência” e não perde esse estatuto para a concorrência mais direta, nomeadamente para países da Ásia ou Estados Unidos, mas “naquilo que é a transposição desse conhecimento e a capacidade de monetizar e de transferir para as empresas esse conhecimento e esse valor”, o continente europeu “está um bocadinho aquém dos concorrentes mais diretos”.

O secretário de Estado adiantou que há “um conjunto de contributos” que vieram do ecossistema, desde unicórnios, das ‘startups’, até dos investidores, das incubadoras, entre outros, sobre “as suas preocupações” e um conjunto recomendações “para esse ganho de competitividade” na Europa.

“E é isso que nós nos propomos também executar e implementar na estrutura europeia permanente que teremos em Lisboa”, rematou.

 

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