Paulo Paixão, presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, considera que as restrições de circulação de e para a Área Metropolitana de Lisboa têm como objetivo evitar a disseminação da variante Delta para outras zonas do país. No entanto, afirma que "não adianta rigorosamente nada" na zona de Lisboa.
"Tenho algumas dúvidas da eficácia da medida", afirma.
Depois da ministra da Saúde, Marta Temido, admitir, esta segunda-feira, a possibilidade de medidas como as restrições de circulação do passado fim-de-semana, o especialista prevê alguns recuos no desconfinamento, se os números continuarem a aumentar.
Salienta também os comportamentos errados dos últimos tempos, exemplificando com ajuntamentos de jovens, que ainda não estão vacinados, sem o uso de máscara nem distanciamento físico.
"Não estamos à espera de milagres, todos nós pagamos por isto", diz, acrescentando que "ainda vai demorar algum tempo" até atingirmos os 70% de vacinados em Portugal.
Quanto às variantes, explica que é normal serem mais transmissíveis: "Para uma variante se impor, vai transmitir-se mais. Para conseguir vingar e ultrapassar a reinante, tem de ser mais transmissível. Pode não ser mais grave, mas é mais transmissível, causa maior número de casos".
Paulo Paixão realça que é "fundamental" vacinarmos "o mais rápido possível": "Se tivermos totalmente vacinados, o vírus vai sentir mais dificuldade em adaptar-se".
"A vacinação protege, sobretudo, a infeção grave. Mas não é 100%", diz, exemplificando: "Em cada 20 pessoas internadas, uma ou duas foi vacinada. É uma proteção muito boa, mas não é 100%".
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