O passado de uma ilusão

Gallagher defende a tese de que o “ditador se recusa a morrer” e que a sua figura persiste não apenas no imaginário colectivo lusitano mas também como referência política do actual regime.

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O modo desgastado como Tom Gallagher observa a contemporaneidade — não só a portuguesa, mas também a da União Europeia — fá-lo ceder ao canto da sereia de um passado que nunca existiu dr

Em Novembro de 1986 — há 35 anos, portanto —, Tom Gallagher surpreendeu os participantes no primeiro grande colóquio sobre o Estado Novo, organizado na Fundação Gulbenkian e na Universidade Nova de Lisboa, com uma originalíssima comunicação sobre Santos Costa, baseada numa investigação séria e rigorosa e, facto raro na altura, feita em diálogo com o antigo braço direito de Salazar. Numa época em que o tema dominante ainda era a velha questão de saber se o regime tinha sido ou não fascista, e em que as opções historiográficas privilegiavam as abordagens “macro” sobre o corporativismo, a política económica ou a arquitectura institucional do Estado Novo, um historiador inglês apresentava-se, para surpresa dos presentes (entre os quais me incluía), com um estudo centrado numa só personalidade, com isso mostrando o interesse de recolher em devido tempo, enquanto ainda fosse possível, o testemunho dos protagonistas do antigo regime, coisa que à época era escassa ou raramente praticado entre nós. Antes ou depois disso, Tom Gallagher, docente de História na Universidade de Bradford, publicou diversos estudos de indiscutível mérito sobre o salazarismo, além de obras sobre os Balcãs e a Escócia e, em 1983, o livro Portugal: a twentieth-century interpretation.

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