Ventura pede aos outros partidos que não integrem a comissão dos 50 anos do 25 de Abril

Líder do Chega argumenta que há um “exagero evidente de custos públicos” nas comemorações e que os partidos devem dar sinal de serem “bons gestores da coisa pública”.

Foto
André Ventura (Chega) Daniel Rocha

O presidente e deputado único do Chega enviou uma carta aos líderes dos restantes partidos com assento parlamentar pedindo-lhes que, “como bons gestores da coisa pública”, não aceitem integrar a comissão organizadora dos 50 anos do 25 de Abril, que terá como comissário executivo Pedro Adão e Silva, “devido aos exageros evidentes de custos públicos envolvidos”.

Na missiva, André Ventura aponta diversas críticas e argumentos para que os partidos se recusem participar na estrutura comemorativa que já provocou uma larga polémica devido à escolha, pelo Governo, sem concurso público, do professor universitário e comentador ligado ao PS.

O líder do Chega critica o facto de o executivo não ter chamado os restantes partidos com assento parlamentar para falar sobre o assunto e lembra que o PS “não é o dono do 25 de Abril”. E diz que não se conhecem os critérios para a constituição da estrutura de missão das comemorações nem os orçamentos gerais detalhados de despesas e custos associados. “Aquilo que se sabe, por agora, é que a nomeação da comissão executiva dos festejos foi feita sem concurso, transparência ou qualquer escrutínio público”, vinca, realçando que Pedro Adão e Silva, nomeado comissário executivo, é um “devoto socialista”.

Ventura realça que se cria uma estrutura de apoio técnico que pode ter até oito pessoas e cujas remunerações são equiparadas às dos membros dos gabinetes do Governo, assim como o facto de os comissários serem equiparados a dirigentes de primeiro e segundo graus da administração pública mas podendo acumular funções com outras actividades remuneradas.

“Num momento em que o nosso país não tem dinheiro para socorrer os portugueses nas suas tão grandes e múltiplas provações, não se compreende como podemos sequer ousar imaginar gastar todo o dinheiro que estas festividades, nos moldes apresentados, exigirão, muitas delas indexadas a vencimentos superiores a quatro mil euros mensais durante vários anos, para um único dia de festa”, argumenta o líder do Chega. Que apela aos restantes partidos que dêem um “sinal da responsabilidade” de que são “bons gestores da coisa pública” e recusem integrar a comissão organizadora.

O PÚBLICO questionou os partidos sobre se tinham recebido a carta e qual a resposta que tencionavam dar ao líder do Chega mas apenas o Bloco disse que ainda não recebeu qualquer missiva e o PCP recusou responder alegando não querer alimentar o assunto.

De acordo com a resolução do Conselho de Ministros de 27 de Maio, a estrutura de missão é composta por uma comissão nacional (definida pelo Presidente da República), um conselho geral (com seis a dez membros, nomeados pelo primeiro-ministro) e uma comissão executiva (o comissário executivo já foi indicado, Pedro Adão e Silva, e o primeiro-ministro irá ainda indicar um adjunto; e terá uma estrutura de apoio técnico de oito elementos). Tanto os membros da comissão nacional como do conselho geral não recebem qualquer remuneração ou abono pelo exercício das suas funções.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários