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Mercado digital será factor chave para impulsionar sector da arte em Portugal, estima curadora

Em Portugal, onde se regista uma “uma geração de artistas altamente promissores” é importante que a aposta e investimento no sector continuem. Além da aposta no mercado digital, Inês Valle relembra que esta é uma industria com “interessantes benefícios fiscais”.
21 Abril 2021, 17h50

O mercado global de arte e antiguidades registou, em 2020, vendas na ordem dos 50,1 mil milhões de dólares. Comparativamente a 2019, trata-se de um decréscimo de 22% e face a 2018, uma queda de 27%, de acordo com os dados da economista e especialista de arte Clare McAndrew no seu relatório “The Art Market 2021”.

Estes valores, que embora reflitam o impacto da pandemia no sector, não representam as oportunidades de investimento que continuam a existir. Na verdade, “os estudos de mercado demonstram que a pandemia despoletou um interesse acrescido por investir em arte por parte dos colecionadores e o seu interesse irá manter-se para 2021”, revela ao Jornal Económico Inês Valle, curadora e consultora de Arte. E isso reflete-se no dados relativos às vendas online. Só no ano passado, as vendas por e-commerce atingiram cerca de 12,4 mil milhões de dólares, segundo a avaliação do relatório publicado pela Art Basel e a UBS.

Um exemplo disso foi a leiloeira Phillips teve a sua maior venda de sempre em Nova Iorque, com um total de 134,5 milhões de dólares, e vendeu o quarto lote mais caro de 2020, com a pintura de David Hockney, cujo valor foi superior a 41 milhões de dólares.

A curadora de arte portuguesa, que já desenvolveu projetos de curadoria e consultoria no Reino Unido e na África  do Sul e está por trás de vários projetos culturais como The Cera Project e a bienal FRAT na Nigéria, frisa por isso que o próximo ano deverá ser um período de recuperação expressiva para o sector através do digital, uma vez que os “coleccionadores millenial contribuíram para estes números, com 30% a investiram mais de um milhão de dólares em obras de arte”.

“Foram também estes que por estarem tão familiarizados com o mundo virtual que mais visitaram as salas de exposições virtuais em museus, galerias e feiras de arte”, explica, acrescentando que, atualmente, graças às redes sociais, já é possível um consumidor adquirir uma obra diretamente do artista. “É notório que existe uma maior receptividade para vendas online e por consequência, um futuro promissor no mercado digital”.

O investimento em diamantes, petróleo, ou mesmo em ouro, garantem rentabilidade, mas são bens que estão mornos, em oposição à arte onde há uma menor volatilidade nos seus valores, apresentando um acréscimo exponencial na procura –  especialmente de obras de artistas como Francisco de Goya, Joan Miró, Pablo Picasso, Vieira da Silva, Paula Rego, entre muitos outros que são considerados como bons investimentos.

Além da aposta no mercado digital, Inês Valle relembra que esta é uma industria com “interessantes benefícios fiscais”. “A arte é um ativo que não está “preso” a uma bolsa de valores ou outra regulamentação mais restrita, permitindo assim uma maior liberdade de negociação e por consequência uma prospeção de uma maior retorno no investimento”, explica a especialista ao JE.

No caso de Portugal, onde se regista uma “uma geração de artistas altamente promissores” é importante que a aposta e investimento no sector continuem. Neste último ano, a consultora de arte assistiu “a uma transição para o mercado de vendas online, no qual se regista um aumento forte em valor, visibilidade e valorização da arte de artistas portugueses”.

É através do digital que os artistas e as galerias portuguesas conseguem “penetrar em mercados económicos mais fortes, e por consequência a valorização da nossa arte terá tendência a crescer”.

 

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