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Talento não chega para os jovens darem salto para o alto rendimento

Webinar da Liga Portugal discutiu momento de transição dos miúdos para o futebol profissional

Os quatro oradores, Nelo Vingada, Renato Paiva, Nuno Gomes e Tomaz Morais, do primeiro painel do webinar da Liga Portugal com o tema "Da formação ao alto rendimento" e que decorreu esta quarta-feira com moderação de Carlos Daniel, concordaram em absoluto: a geração de ouro do futebol português, campeã do mundo em sub-20 em 1989 e 1991, representou o salto qualitativo na descoberta de talento no futebol português. Mas isso só é insuficiente para os miúdos chegarem ao futebol profissional.

A formação não voltou a ser vista da mesma forma. Garantia dada por Nelo Vingada: "Tudo o que é visível no futebol português tem raízes nessa altura de Riade. Foi dado um salto qualitativo que trouxe Portugal para a dimensão que tem ainda hoje. Em 1989 foi conquistado um marco importante, mas 1991 reflete de facto o que se vê. Foi um trabalho integrado em que o professor Carlos Queiroz [selecionador nacional dos sub-20] teve a capacidade de aglutinar muita gente à volta dele. Os clubes começaram a criar melhores estruturas e condições para se trabalhar no futebol jovem".

Para Renato Paiva, Queiroz marcou "uma fratura no que era a forma de ver o treino, o jogo e a evolução dos jogadores de forma mais científica e com mais método". "Isso não havia antes. Havia curiosidade, os treinadores eram apaixonados e não havia ferramentas", atirou. O ex-treinador da equipa B do Benfica levantou, depois, outra questão: "Em Portugal, num país tão pequeno, geramos jogadores em número e velocidade que não é normal. Tem a ver com a cultura. A criança portuguesa quase nascia com a bola no berço e fazia durante o crescimento a bola como a maior e melhor companhia".

Já o diretor da formação do Sporting, Tomaz Morais, seguiu a mesma toada. "A paixão pelo futebol em Portugal é o fator diferenciador", começou por dizer, acrescentando, sobre o talento: "Conseguimos perceber o que é. Na Academia é uma discussão interminável, porque não há nada que o defina. É algo previsível e que ao mesmo tempo se mistura com algo inato". E explicou depois como se aborda a questão no reino do leão: "Nós não temos um modelo, respeitamos o talento. Mas a partir dos 15 anos, para jogar no Sporting, o talento só não chega. Não chega a habilidade com bola. Se o jogador não tem capacidade mental e inteligência para se adaptar a diferentes contextos, não se vai adaptar ao futebol profissional".

A opinião é seguida por Nuno Gomes, ex-diretor da formação do Benfica. "Até determinadas idades o talento tem de ser uma característica fundamental para o que queremos num jogador. Todas as outras capacidades cabe à estrutura do clube desenvolver", afirmou o ex-internacional português, salientando que "o talento não é suficiente. Treinar e trabalhar muito é imprescindível". "O nosso país tem feito um excelente trabalho nesse sentido e o ponto de viragem também se deu muito por culpa de Nelo Vingada e Carlos Queiroz. Portugal sempre teve jovens com talento e essa altura foi o ponto em que se decidiu parar e organizar não só as competições, mas também a um nível geral e estabelecer um método ou modelo para a formação".
Por Luís Mota
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