A última morada vai a leilão: Câmara de Lisboa vende jazigos

São 30 os imóveis em venda numa hasta pública que vai decorrer por videoconferência, com os concorrentes a terem de licitar pela caixa de chat.

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Daniel Rocha

É espaçoso, foi decorado com gosto e precisa apenas de ligeiras reparações e de uma limpeza. Pode ser seu por pouco mais de 12.418 euros. É o maior e mais caro jazigo que a Câmara de Lisboa vai leiloar a meio de Fevereiro.

Sim, jazigo. Tal como já vendeu edifícios, terrenos e carros de que não precisava, a autarquia leva a hasta pública um conjunto de 30 jazigos e ossários nos cemitérios do Alto de São João, Prazeres, Benfica e Lumiar.

Está muito longe de ser a primeira vez que a câmara leiloa jazigos. A última hasta pública ocorreu no Verão passado e encontram-se vários relatos na imprensa de leilões há anos. São geralmente sessões disputadas, revelando que existe um mercado muito interessado nestes imóveis. Não raras vezes surgem publicitados em sites de agências imobiliárias.

Para a câmara poder vender jazigos têm de ocorrer três factores em simultâneo: que nos últimos 15 anos não tenha havido qualquer movimento mortuário, não tenham sido realizadas obras de beneficiação obrigatórias e não tenha sido registado qualquer averbamento que actualize a sua tutela.

Os ossários não ultrapassam geralmente um metro quadrado, mas entre os jazigos em forma de capela encontram-se áreas entre os três e os seis metros quadrados. O maior que vai à praça, que não é o mais caro, tem 5,98 m2. Fica nos Prazeres e há uma razão para ter um preço-base de 9934 euros: ainda não está construído.

O jazigo mais caro é mesmo o que encabeça este artigo, situado no Alto de São João e com 5,18 metros quadrados. Por um pouco menos (11.871 euros) há um jazigo nos Prazeres que é só ligeiramente mais pequeno (5,06 m2), mas que não tem zona subterrânea, como o primeiro.

Desengane-se quem pensa que a última morada é mais cara nos Prazeres só porque este é um cemitério de aristocratas num bairro chique. Há ali jazigos com preço-base superior a oito mil euros, mas no Alto de São João há um a 9893 euros e os restantes andam na casa dos sete mil. Também em Benfica há uma capela por quase 10 mil euros.

Mais baratos são os ossários/cendrários. No Lumiar há-os entre os 1738 e os 1945 euros e no Alto de São João vai um à praça por 5315 euros.

A hasta pública de 11 de Fevereiro decorre em formato pouco habitual para este tipo de sessões: por videoconferência através da plataforma Teams. Em vez da corriqueira raquete, os concorrentes têm de licitar através da caixa de chat. Cada lanço tem de ser de 5% do preço-base e o vencedor fica obrigado a concluir as benfeitorias no jazigo no prazo de um ano.

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