Política

Governo nos Açores. É "preciso fazer orelhas moucas" às críticas, diz Mota Amaral

Mota Amaral
Mota Amaral
Ricardo Castelo\Nfactos

"Contra as vozes que se erguem em Portugal contra a solução aqui negociada com liberdade, no exercício pleno da autonomia constitucional dos Açores, é preciso fazer orelhas moucas... O novo governo tem de avançar com o seu programa, sabendo que o terreno está minado", escreveu Mota Amaral

O antigo presidente do Governo dos Açores Mota Amaral disse esta terça-feiraque é "preciso fazer orelhas moucas" às críticas sobre o novo executivo regional, que junta PSD, PPM e CDS, contando com apoio parlamentar do Chega e da IL.

Num artigo de opinião publicado na imprensa regional, intitulado "Um novo começo", o presidente honorário do PSD/Açores defendeu que a opção governativa escolhida pelo presidente indigitado do governo, José Manuel Bolieiro, é "plenamente" justificável".

"Contra as vozes que se erguem em Portugal contra a solução aqui negociada com liberdade, no exercício pleno da autonomia constitucional dos Açores, é preciso fazer orelhas moucas... O novo governo tem de avançar com o seu programa, sabendo que o terreno está minado", escreveu Mota Amaral.

Segundo o presidente do executivo regional entre 1976 e 1995, Bolieiro "vai por à prova o seu talento de negociador e promotor de consensos" e terá de "demonstrar o seu carisma de liderança".

Mota Amaral referiu que uma "mudança de rumo" é um "desafio enorme", uma vez que são "tantas as rotinas estabelecidas por um ciclo político e de governo bem longo", aludindo aos 24 de governação socialista na região.

"A oposição vai estar muito aguerrida, como é facilmente previsível. Algumas das principais figuras do maior partido da oposição ainda não conseguiram digerir a perda do poder", lê-se no artigo.

Sobre o cenário político nacional, o antigo presidente do PSD/Açores disse defender desde 2002 um "bloco central nacional", com uma "agenda de profundas reformas, incluindo da revisão da Constituição".

"O PS pretende manter-se como partido indispensável, sempre no domínio da governação, reclamando o apoio do PSD para os assuntos importantes, mas alimentando a festiva colaboração com os partidos à sua esquerda em tudo o resto", afirmou.

O novo Governo Regional dos Açores, que integra PSD, CDS-PP e PPM e é presidido pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, toma hoje posse perante a Assembleia Legislativa da região às 15:00 locais (16:00 em Lisboa).

O PS venceu as eleições legislativas regionais, no dia 25 de outubro, mas perdeu a maioria absoluta que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.

PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com o Iniciativa Liberal (IL).

Com o apoio dos dois deputados do Chega e do deputado único do IL, a coligação de direita soma 29 deputados na Assembleia Legislativa dos Açores, um número suficiente para atingir a maioria absoluta, o que levou Pedro Catarino a indigitar José Manuel Bolieiro como presidente do Governo Regional, no dia 07 de novembro.

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