&conomia à 3ª

Triunfo da Fórmula 19

A segunda vaga acabou de ligar os motores com estrondo. A pandemia é novamente a mais rápida na qualificação e volta a partir na pole position, deixando para trás a incapacidade política de gestão da crise sanitária.

As inúmeras voltas à pista em zigue-zague dadas pelos políticos no aquecimento dos motores e dos pneus, acabaram por provocar o despiste da estratégia nacional ao confundir os espectadores com sinais contraditórios sobre o formato do circuito de contágio.

Após o inegável sucesso da proibição da circulação entre concelhos no fim de semana da Páscoa durante a primeira vaga da pandemia e da autorização de festejos políticos com cerca de 30 mil foliões em final de Verão, volta agora a ser usada a receita de sucesso para confundir o vírus.

Para grande admiração da Direção Geral de Saúde, o que era “um risco calculado” de a organização cumprir todas a promessas de medidas de segurança e de 27 mil aficionados de todo o país se deslocarem para o Algarve, evitando transportes de grupo e se sentarem ordenadamente no lugar certo, acabou por ser um risco incalculável.

Mas o diagnóstico de mais uma experiência social elaborada por políticos de laboratório volta a confirmar o que o governo já suspeitava... a culpa é dos maus cidadãos que não se auto fiscalizam em eventos de suposta organização profissional com lugares marcados e acesso controlado.

E como a multidão de 27 mil pessoas não conseguiu cumprir as regras com que a profissional organização se comprometeu mas não fez cumprir, o castigo esperado não tardou. É já no fim de semana seguinte que a turba inconsciente não vai poder sair do seu concelho de residência, porque o risco de voltarem ao autódromo é difícil de calcular...

A ridícula dualidade de critérios já não é novidade, mas a proximidade temporal entre tão contraditórios sinais fazem temer pela desorientação futura na gestão dos exigentes meses que se aproximam.

O já velho discurso do “está tudo controlado” numa semana para “a situação é grave” na próxima, em que o SNS aguenta tudo só até já não aguentar mais, faz pensar na real receita de sucesso durante a primeira vaga.

Como todos estarão recordados, terá sido o medo da falência do SNS que fez os portugueses ficarem em casa e cumprirem à risca o isolamento social. Pode ser que agora todos voltem a levar tão a sério o real perigo que a pandemia representa em Portugal. Incluindo os políticos que ainda acham que foram os responsáveis pelo sucesso do confinamento...

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas