O 'drive' que está a levar Ricardo Santos ao seu melhor
O n.º1 português no ranking mundial progrediu em vários registos em Birmingham
O European Tour decidiu aligeirar as medidas restritivas de combate à COVID19 e o English Championship que começa já na próxima quinta-feira, no Hanbury Manor Marriott Hotel & Country Club, na localidade inglesa de Ware, já vai permitir maiores aglomerações de pessoas que integrem a chamada "bolha" criada à volta do campo e do hotel.
«É algo de muito positivo, porque até agora tínhamos que estar cada um no seu quarto, a jantar só com o caddie, ou seja, só duas pessoas em cada mesa (e em cada carro)», explicou Ricardo Santos à Tee Times Golf, em exclusivo para Record, que irá participar neste torneio de um milhão de euros em prémios monetários, tal como Pedro Figueiredo.
Santos e Figueiredo são os únicos portugueses membros do European Tour em 2020 e vão jogar o terceiro torneio seguido do "UK Swing", depois de cada um deles ter passado um cut nas provas anteriores – Pedro no British Masters e Ricardo no Hero Open.
«Tem dado para falar com um pouco com o "Figgy", sim, enquanto treinamos e, às vezes, durante o jantar, se a mesa deles for ao lado da nossa», disse Santos, que está acompanhado do caddie Pedro Tomé, enquanto Figueiredo tem a puxar-lhe o saco o seu amigo Francisco Ataíde.
Os dois jogadores amigos viram-se forçados a algum distanciamento físico nas duas semanas passadas, mas agora já podem confraternizar um pouco mais a quatro.
Se na semana passada foi "Figgy" a destacar-se, pois chegou a andar no top-5 em Newcastle e terminou no 47.º posto do British Masters, devido a uma derradeira volta negativa em 77 pancadas, desta feita, em Birmingham, foi Santos a sobressair. Chegou a integrar o top-30, mas encerrou a sua prestação na 57.ª posição, por causa de uma última ronda nefasta de 75 pancadas.
É estranho os dois ex-campeões nacionais terem começado com três voltas seguidas abaixo do Par, para depois enterrarem as suas hipóteses de uma grande classificação no último dia. Será que este regresso à competição após o confinamento obrigatório retirou-lhes as rotinas em competições de quatro dias e a concentração cede na última volta?
«Penso que é uma coincidência», rejeita Ricardo Santos, que acrescenta: «Por norma os resultados no último dia têm tendência a ser piores, devido às bandeiras serem mais complicadas».
No Hero Open, Ricardo Santos começou no 42.º lugar com uma primeira volta de 70 pancadas, 2 abaixo do Par, ascendeu ao 26.º posto após um cartão de 69 (-3), desceu para 36.º depois de uma ronda em 71 (-1) e fechou no tal grupo dos 57.º classificados, consequência da já referida derradeira jornada em 75 (+3).
Mesmo assim, 57.º, com um agregado de 285 pancadas, 3 abaixo do Par do Forest of Arden Marriott Hotel & Country Club, foi a sua melhor classificação da época no European Tour e também o seu melhor resultado, em oito torneios disputados, tendo sido apenas a segunda vez que passou o cut. No AfrAsia Bank Mauritius Open em dezembro, fora 65.º (empatado) com -2.
Há, contudo, uma grande diferença entre o torneio de dezembro e o da semana passada em Inglaterra – a consistência de resultados, embora em termos exibicionais ainda não tenha alcançado a regularidade que gostaria.
Como efeito, no início da temporada, antes da suspensão forçada pela pandemia, o algarvio de 37 anos sentia dificuldades em assinar cartões com resultados abaixo do Par.
Agora atravessa uma fase de muito maior confiança. Desde o regresso à competição, sagrou-se vice-campeão nacional em Vidago com 10 abaixo do Par e três voltas abaixo do Par; falhou o cut, é certo, no British Masters, mas a segunda e última volta foi muito boa em 68 (-3); e neste Hero Open carimbou, pela primeira vez no European Tour de 2020, três voltas seguidas em números vermelhos.
«Sinto-me bastante melhor em campo, bem mais confortável com o drive, aquela parte do meu jogo que esteve muito mal no início da época», analisou o atual vice-campeão nacional.
Os números dão-lhe razão. No total da época Ricardo Santos apresenta uma precisão de drive de 52,5%, sendo apenas o 114.º no ranking deste item estatístico. Em 2015, na época em que esteve melhor nesta categoria, fixou uma média de 57,1%. Pois foi exatamente o índice de 57,1% que atingiu na terceira volta, sendo o 29.º melhor nesse dia.
Um aspeto importante, até porque o traçado desenhado por Donald Steel não se ajusta totalmente ao estilo do português melhor classificado no ranking mundial: «Não conhecia este campo. É um campo relativamente comprido, com muitas árvores e água em alguns buracos. Gostei do campo, é bastante competitivo, apesar de não ser o campo mais adequado ao meu tipo de jogo. Estava em muito boas condições assim como o clima, com algum vento, mas temperaturas acima dos 20°».
Quando Ricardo Santos viajou ao Reino Unido era o 228.º na Corrida para o Dubai. Ter falhado o cut no British Masters fê-lo cair para 287.º, mas este 57.º lugar no Hero Open elevou-o para 254.º.
Claro que em 2020 o campeão nacional de 2011 e 2016 não está muito preocupado com o ranking porque tem o seu lugar assegurado na primeira divisão europeia em 2021 e isso dá-lhe tranquilidade para focar-se mais na melhoria do seu jogo. Nesse sentido, o balanço destes dois primeiros torneios do "UK Swing" não é negativo.
«Há alguns aspetos positivos nestas últimas duas semanas. Uma delas é a quantidade de birdies. A outra, a resposta a alguns maus buracos que tive. O meu grau de satisfação é razoável, visto que a consistência não foi a que eu desejava. Espero melhorar nesse aspeto e manter os positivos», frisou Ricardo Santos.
A questão dos birdies é realmente importante porque, sendo um jogador de ataque, motiva-se com eles. Desde que regressou à competição, foi o jogador com mais birdies no Solverde Campeonato Nacional em Vidago (13 em três voltas, uma média de 4,3 por volta); Fez 8 birdies e 1 eagle no British Masters (uma média de 5 pancadas ganhas ao campo por volta); e agora somou 23 birdies em Birmingham (uma média de 5,75 por volta).
Claro que os erros também têm aparecido e neste Hero Open sofreu 2 duplos-bogey na última volta e um total de 16 bogeys em quatro dias. Mas a maior confiança no drive e a capacidade de fazer birdies são, de facto, aspetos positivos a levar para o futuro.
Ricardo Santos embolsou 2.721 euros em Birmingham, enquanto Pedro Figueiredo saiu, desta vez, sem prémio monetário, ao surgir apenas no grupo dos 107.º classificados com voltas de 73 e 74, para um agregado de 3 pancadas acima do Par.
O Hero Open foi ganho por Sam Horsfield, um inglês de 23 anos, que conquistou o seu primeiro título do European Tour, com 270 pancadas, 18 abaixo do Par, após voltas de 68, 63, 71 e 68, superando por 1 único "shot" o belga Thomas Détry (67+67+71+66).
Horsfield arrecadou 156.825 euros, subiu ao 20.º lugar da Corrida para o Dubai e, mais importante, é o novo n.º1 na mini Ordem de Mérito do "UK Swing", pelo que, muito dificilmente irá sair do top-10 nos próximos três torneios e tem praticamente assegurado um convite para o Open dos Estados Unidos.
Autor: Hugo Ribeiro/Tee Times Golf (teetimes.pt) para Record
«É algo de muito positivo, porque até agora tínhamos que estar cada um no seu quarto, a jantar só com o caddie, ou seja, só duas pessoas em cada mesa (e em cada carro)», explicou Ricardo Santos à Tee Times Golf, em exclusivo para Record, que irá participar neste torneio de um milhão de euros em prémios monetários, tal como Pedro Figueiredo.
«Tem dado para falar com um pouco com o "Figgy", sim, enquanto treinamos e, às vezes, durante o jantar, se a mesa deles for ao lado da nossa», disse Santos, que está acompanhado do caddie Pedro Tomé, enquanto Figueiredo tem a puxar-lhe o saco o seu amigo Francisco Ataíde.
Os dois jogadores amigos viram-se forçados a algum distanciamento físico nas duas semanas passadas, mas agora já podem confraternizar um pouco mais a quatro.
Se na semana passada foi "Figgy" a destacar-se, pois chegou a andar no top-5 em Newcastle e terminou no 47.º posto do British Masters, devido a uma derradeira volta negativa em 77 pancadas, desta feita, em Birmingham, foi Santos a sobressair. Chegou a integrar o top-30, mas encerrou a sua prestação na 57.ª posição, por causa de uma última ronda nefasta de 75 pancadas.
É estranho os dois ex-campeões nacionais terem começado com três voltas seguidas abaixo do Par, para depois enterrarem as suas hipóteses de uma grande classificação no último dia. Será que este regresso à competição após o confinamento obrigatório retirou-lhes as rotinas em competições de quatro dias e a concentração cede na última volta?
«Penso que é uma coincidência», rejeita Ricardo Santos, que acrescenta: «Por norma os resultados no último dia têm tendência a ser piores, devido às bandeiras serem mais complicadas».
No Hero Open, Ricardo Santos começou no 42.º lugar com uma primeira volta de 70 pancadas, 2 abaixo do Par, ascendeu ao 26.º posto após um cartão de 69 (-3), desceu para 36.º depois de uma ronda em 71 (-1) e fechou no tal grupo dos 57.º classificados, consequência da já referida derradeira jornada em 75 (+3).
Há, contudo, uma grande diferença entre o torneio de dezembro e o da semana passada em Inglaterra – a consistência de resultados, embora em termos exibicionais ainda não tenha alcançado a regularidade que gostaria.
Como efeito, no início da temporada, antes da suspensão forçada pela pandemia, o algarvio de 37 anos sentia dificuldades em assinar cartões com resultados abaixo do Par.
Agora atravessa uma fase de muito maior confiança. Desde o regresso à competição, sagrou-se vice-campeão nacional em Vidago com 10 abaixo do Par e três voltas abaixo do Par; falhou o cut, é certo, no British Masters, mas a segunda e última volta foi muito boa em 68 (-3); e neste Hero Open carimbou, pela primeira vez no European Tour de 2020, três voltas seguidas em números vermelhos.
«Sinto-me bastante melhor em campo, bem mais confortável com o drive, aquela parte do meu jogo que esteve muito mal no início da época», analisou o atual vice-campeão nacional.
Os números dão-lhe razão. No total da época Ricardo Santos apresenta uma precisão de drive de 52,5%, sendo apenas o 114.º no ranking deste item estatístico. Em 2015, na época em que esteve melhor nesta categoria, fixou uma média de 57,1%. Pois foi exatamente o índice de 57,1% que atingiu na terceira volta, sendo o 29.º melhor nesse dia.
Um aspeto importante, até porque o traçado desenhado por Donald Steel não se ajusta totalmente ao estilo do português melhor classificado no ranking mundial: «Não conhecia este campo. É um campo relativamente comprido, com muitas árvores e água em alguns buracos. Gostei do campo, é bastante competitivo, apesar de não ser o campo mais adequado ao meu tipo de jogo. Estava em muito boas condições assim como o clima, com algum vento, mas temperaturas acima dos 20°».
Quando Ricardo Santos viajou ao Reino Unido era o 228.º na Corrida para o Dubai. Ter falhado o cut no British Masters fê-lo cair para 287.º, mas este 57.º lugar no Hero Open elevou-o para 254.º.
Claro que em 2020 o campeão nacional de 2011 e 2016 não está muito preocupado com o ranking porque tem o seu lugar assegurado na primeira divisão europeia em 2021 e isso dá-lhe tranquilidade para focar-se mais na melhoria do seu jogo. Nesse sentido, o balanço destes dois primeiros torneios do "UK Swing" não é negativo.
«Há alguns aspetos positivos nestas últimas duas semanas. Uma delas é a quantidade de birdies. A outra, a resposta a alguns maus buracos que tive. O meu grau de satisfação é razoável, visto que a consistência não foi a que eu desejava. Espero melhorar nesse aspeto e manter os positivos», frisou Ricardo Santos.
A questão dos birdies é realmente importante porque, sendo um jogador de ataque, motiva-se com eles. Desde que regressou à competição, foi o jogador com mais birdies no Solverde Campeonato Nacional em Vidago (13 em três voltas, uma média de 4,3 por volta); Fez 8 birdies e 1 eagle no British Masters (uma média de 5 pancadas ganhas ao campo por volta); e agora somou 23 birdies em Birmingham (uma média de 5,75 por volta).
Claro que os erros também têm aparecido e neste Hero Open sofreu 2 duplos-bogey na última volta e um total de 16 bogeys em quatro dias. Mas a maior confiança no drive e a capacidade de fazer birdies são, de facto, aspetos positivos a levar para o futuro.
Ricardo Santos embolsou 2.721 euros em Birmingham, enquanto Pedro Figueiredo saiu, desta vez, sem prémio monetário, ao surgir apenas no grupo dos 107.º classificados com voltas de 73 e 74, para um agregado de 3 pancadas acima do Par.
O Hero Open foi ganho por Sam Horsfield, um inglês de 23 anos, que conquistou o seu primeiro título do European Tour, com 270 pancadas, 18 abaixo do Par, após voltas de 68, 63, 71 e 68, superando por 1 único "shot" o belga Thomas Détry (67+67+71+66).
Horsfield arrecadou 156.825 euros, subiu ao 20.º lugar da Corrida para o Dubai e, mais importante, é o novo n.º1 na mini Ordem de Mérito do "UK Swing", pelo que, muito dificilmente irá sair do top-10 nos próximos três torneios e tem praticamente assegurado um convite para o Open dos Estados Unidos.
Autor: Hugo Ribeiro/Tee Times Golf (teetimes.pt) para Record