Economia

Economia contraiu até março um pouco menos do que o anunciado

29 maio 2020 11:17

getty images

O Produto Interno Bruto caiu 2,3% nos primeiros três meses do ano, segundo os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, esta sexta-feira. Valor é ligeiramente menos negativo do que os 2,4% avançados há duas semanas. Tudo por causa da incorporação de mais informação sobre exportações líquidas

29 maio 2020 11:17

É a maior queda dos últimos sete anos - desde o primeiro trimestre de 2013 - mas a contração da economia portuguesa nos primeiros três meses deste ano foi ligeiramente menos negativa do que o Instituto Nacional de Estatística (INE) tinha avançado há duas semanas, na estimativa rápida.

Os dados publicados esta sexta-feira indicam uma queda do Produto Interno Bruto de 2,3% (e não de 2,4%). Na comparação em cadeia, o INE aponta agora um recuo de 3,8%, também ligeiramente menos negativo do que os 3,9% de contração avançados há duas semanas.

Explicação? Incorporação de nova informação pelo INE, "verificando-se sobretudo uma revisão em alta das exportações líquidas de importações de bens e serviços em volume", diz a autoridade estatística. Ou seja, a frente externa correu um pouco menos mal do que indicavam os dados de há duas semanas.

Desta forma, o contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi de -1,3 pontos percentuais e não de -1,4 pontos percentuais, como o INE tinha sinalizado na estimativa rápida. Um contributo negativo que foi o resultado de "uma diminuição mais intensa das exportações de bens e serviços (-4,9%) do que a observada nas importações de bens e serviços (-2%)", constata o INE.

Também a procura interna deu um contributo negativo para a variação homóloga do PIB, de -1,1 pontos percentuais. UM valor que é, ate, ligeiramente mais negativo do que o avançado há duas semanas, quando o INE apontava para um contributo negativo da procura interna de -1 ponto percentual.

A autoridade estatística chama a atenção de que é o primeiro contributo negativo da procura interna para a variação homóloga do PIB desde o terceiro trimestre de 2013, em pleno resgate internacional a Portugal. É o resultado da diminuição tanto do consumo privado como do investimento, penalizados pelo impacto da pandemia do novo coronavírus.

Aliás, toda "a contração da atividade económica refletiu o impacto da pandemia Covid-19 que se fez sentir de forma significativa no último mês do trimestre", diz o INE.

O consumo privado (despesas de consumo final das famílias residentes e das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias) registou uma variação homóloga de -1%. Ainda assim, o consumo caiu menos do que o PIB.

O consumo foi particularmente penalizado pela queda das despesas das famílias residentes em bens duradouros, que "apresentaram uma acentuada redução (taxa de -5,3%)", indica o INE. E explica que esta evolução reflete "principalmente uma queda das aquisições de veículos automóveis".

Já o investimento diminuiu 2,5% em termos homólogos, registado, assim, uma queda ligeiramente mais acentuada do que o PIB. No entanto, a Formação Bruta de Capital Fixo, um indicador-chave para analisar o investimento, recuou apenas 0,3% em termos homólogos.

Tudo porque, apesar de a FBCF em máquinas e equipamentos ter registado uma diminuição expressiva (-6,9%), houve componentes que resistiram. Assim, a FBCF em equipamento de transporte aumentou 1,5% em termos homólogos, após ter diminuído 11,3% no trimestre anterior.

"Este crescimento deveu-se à componente de outro material de transporte, refletindo a importação em regime de locação financeira de aeronaves, que mais que compensou a redução na componente de veículos automóveis", explica o INE.

Além disso, a FBCF em construção desacelerou, mas continuou com uma variação homóloga positiva, passando de 6,1% no quarto trimestre de 2019, para 2,6% no primeiro trimestre deste ano.

Por fim, o consumo público (despesas de consumo final das Administrações Públicas) desacelerou para uma variação homóloga de 0,5% (1,5% no trimestre anterior), "traduzindo em certa medida o impacto negativo na produção não mercantil em volume das medidas adotadas para reduzir a propagação da Covid-19, apesar do aumento em termos nominais da despesa pública", explica o INE.