29 março 2020 22:44
Todos os relógios de parede estão parados. Cada um parou num determinado momento sem ninguém notar. Só num, que está pendurado na entrada, o ponteiro vermelho dos segundos ainda mexe de forma incerta. Ali, entre a porta da rua e a sala de estar, um segundo parece ser muito mais do que apenas um segundo. A Casa do Lago, em Benfica, é como aqueles edifícios abandonados onde um dia alguém chegou, abriu as janelas para arejar, espalhou uns móveis pelas salas e deixou a porta aberta para quem quisesse entrar. Não é suficiente para fazer daquilo casa mas é o que chega para quem ali entra saber que há quem se preocupe.
Quem por este dias a ocupa são mulheres que a vida maltratou — e algumas delas que também maltrataram a própria vida. Na sala estão Cidália, Aida, Cristina, A. e P.: viviam todas na rua e estão numa situação de extrema pobreza. A Casa do Lago é o primeiro centro de acolhimento temporário só para mulheres e faz parte da resposta da Câmara Municipal de Lisboa (CML) na proteção das pessoas sem-abrigo durante a pandemia de covid-19.
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