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Rui Rio: “É o próprio país que cairá em cima do Governo pelas falhas que o Governo tiver”

29 março 2020 22:09

manuel de almeida/lusa

O líder do PSD reconhece que há falhas na resposta do Governo diz que não é tempo para balanços feitos a partir da oposição. “Temos de perceber que fragilizar o Governo é fragilizar o nosso combate”.

29 março 2020 22:09

Rui Rio acredita que esta é tempo de “unidade nacional” e que não faz sentido fazer críticas ao Executivo socialista neste momento. “Precisamos de unidade nacional. E o país tem um Governo. Temos de perceber que fragilizar o Governo é fragilizar o nosso combate. Temos de pôr de lado essa lógica de oposição”, sublinhou o líder do PSD.

Em entrevista à RTP, o social-democrata reconheceu que tem havido “falhas”, nomeadamente ao nível da proteção dos profissionais de saúde, mas repetiu, em diversos momentos, que apontar falhas não é a estratégia que quer manter neste período. No futuro, será diferente. “É o próprio país que cairá em cima do Governo pelas falhas que o Governo tiver. Lá a frente vai haver um balanço quando estivermos em paz. Nós lá estaremos. Agora não”.

Esta sábado o Expresso dava conta que, no núcleo duro de Rui Rio, a ideia de um governo de salvação nacional ou de um bloco central não colhe grande simpatia, sobretudo porque existe a convicção de que António Costa jamais aceitará as contrapartidas exigidas pelo PSD. Desafiado a comentar esse cenário, o líder do PSD recusou fazê-lo. “Não penso nada sobre isso”, cortou, atirando a discussão para o futuro, mas deixando um aviso: “Não vou passar cheques em branco ao Governo”.

Rio ainda acrescentou: “A sociedade portuguesa vai ter efetivamente de debater a composição de um governo de salvação nacional. Porque o Governo que vier - pode ser o mesmo, como é lógico - vai ser sempre de salvação nacional face àquilo que vão ser tempos muito pesados. Vai fazer sentido pensar nisso, vai"

De que forma é que esta ideia se pode materializar no futuro não é evidente. A começar, por exemplo, por uma questão: como é que um governo de salvação nacional (à semelhança daquele que foi proposto por Aníbal Cavaco Silva a Pedro Passos Coelho e António José Seguro) "pode ser o mesmo" Governo que está em funções? Rio não concretizou.

Defensor do prolongamento do estado de emergência, Rui Rio apontou ainda o dedo à Europa, não escondendo algum pessimismo. “A Europa enfrenta a maior crise económica desde que foi criada. Se neste cenário não conseguirmos ser solidários, então a Europa terá a médio prazo problemas muito sérios”, rematou.