29 março 2020 8:47
Qualquer compressão social e individual estendida no tempo cria no ser humano um inevitável desejo de liberdade e de libertação. Na opinião do psicólogo e terapeuta familiar Manuel Lemos Peixoto, depois da pandemia e das ordens de distanciamento social, surgirá na maior parte das pessoas a vontade de proximidade dos outros. Ultrapassado o receio da doença e da morte, irá pulsar o desejo da vida, do prazer e de alguns excessos. O terapeuta recorda o que a História ensina, tal como aconteceu na I e II Guerra Mundial, e aposta que depois de superado este problema, as populações vão encontrar-se mais, brindar mais, abraçar-se mais, beijar-se mais e praticar mais sexo. Os cumprimentos sociais com os cotovelos e pés não vieram para ficar, apesar de passar a haver mais consciência da higiene e receio de novos contágios. Por outro lado, Manuel Lemos Peixoto considera que depois desta intensa experiência digital de socialização à distância com os outros, surgirá um aumento das patologias nas relações sociais. Já que irá acentuar e extremar nalgumas pessoas mais obsessivas, fóbicas, solitárias, viciadas nas aplicações, uma maior tendência para o isolamento, para socializarem apenas e só através das redes e saírem menos à rua, do que faziam antes. B.M.
Vamos aprender “às nossas custas”, mas seremos “pessoas diferentes”. Esta é a convicção de José Gomes Pereira, diretor de medicina desportiva do Comité Olímpico de Portugal, que acredita que há pelo menos uma mensagem que todos já retiveram com esta pandemia: “A medicina é exercida por médicos, a enfermagem por enfermeiros e a saúde é de todos nós.” Por isso, “todos têm de ser agentes da sua promoção e conhecer os procedimentos que devem adotar para melhorar a sua qualidade de vida”. O também professor na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa lembra que o aumento da longevidade teve que ver com a evolução da medicina, “mas sobretudo com a educação para a saúde” e que é provável que o novo coronavírus “possa vir a ser um gatilho para as pessoas perceberem o quão vulneráveis são”. E essa vulnerabilidade será reduzida se diminuirmos os comportamentos de risco. “Esta pandemia veio criar uma consciencialização sobre a nossa fragilidade. Quando ultrapassarmos esta fase vamos encarar a saúde e este fenómeno que é mantermo-nos vivos e saudáveis de forma diferente”, diz o clínico, lembrando a importância “da alimentação, da qualidade do sono, exercício físico e de não fumar” como vetores para uma maior resistência à doença. L.P.G.
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