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China garante que Espanha comprou testes rápidos ao coronavírus a empresas ilegais

Resultados preliminares das análises feitas com os kits recém-chegados não correram como previsto.
Correio da Manhã 26 de Março de 2020 às 10:21
Coronavírus
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O Governo espanhol pretendia começar a testar as camadas mais amplas da população com testes rápidos ao coronavírus. No entanto, vários laboratórios de microbologia dos grandes hospitais explicam que estes mesmos testes não funcionam bem. 

Segundo o jornal El País, que cita uma fonte que participou nos testes, os resultados preliminares das análises feitas com os kits recém-chegados da China não correram como previsto.



Os testes rápidos, 
fabricados pela empresa chinesa Bioeasy, com sede em Shenzhen, têm uma sensibilidade de 30%, quando deve ser superior a 80%, indicam essas fontes. 

Os especialistas concluíram que o melhor seria continuar a usar o teste atual, baseados numa técnica molecular designada PCR (reação em cadeia da polimerase).

No entanto, a Embaixada da China em Espanha garantiu que os kits de teste rápido adquiridos pela Espanha para diagnosticar os casos do Covid-19 mais rapidamente foram comprados a uma empresa sem licença.

O Ministério do Comércio da China ofereceu ao Ministério da Saúde espanhol "uma lista de recomendações de fornecedores classificados". Nessa mesma lista não consta a Bioeasy, segundo informações deixadas na conta oficial da embaixada na rede social Twitter.

A embaixada afirma ainda que a empresa ainda não possui uma "licença oficial da Administração Nacional de Produtos Médicos da China para vender os seus produtos".

Os testes rápidos funcionam de maneira semelhante aos testes de gravidez: a amostra é retirada da área da zona do nariz, é diluída e depositada num cartucho com uma tira de teste que marca as linhas e indica se é positiva, negativa ou inválida. Os testes detetam a presença de antígeno e o resultado é obtido em 10 ou 15 minutos. 

O governo espanhol adquiriu 340.000 exames e pretendia testar os trabalhadores da saúde e os idosos admitidos nas residências para depois depois estendê-la a outra população. 

As áreas da Galiza, Andaluzia e Madrid estão a realizar testes rápidos, em que uma amostra é retirada do paciente sem que este saia do carro. 

Estes testes comprados à China serviram como triagem, ou seja, quando detetam um positivo, o doente já pode ser diagnosticado e tratado adequadamente.
Se o teste chinês tivesse qualidade suficiente, apenas os resultados negativos ou duvidosos exigiriam uma PCR subsequente para confirmar, refere a mesma publicação junto das fontes indicadas.

Ou seja, devido à 
baixa sensibilidade do material comprado da Bioeasy, não é possível fazer uma grande triagem e testar parte da população, uma vez que é sempre necessário fazer o trabalho de PCR, ou seja, em muitos casos os pacientes teriam de ser testados novamente em laboratório. 

A Sociedade Espanhola de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica (SEIMC) emitiu um comunicado, ao qual o El País teve acesso, informando as autoridades de saúde espanholas de que não é recomendado utilizar estes testes rápidos, e sim continuar com os testes de PCR.

O documento SEIMC garante que um "diagnóstico rápido desses casos no nível hospitalar seja relevante para identificar, isolar e tratar rapidamente" pacientes e facilitar "a descongestionação de emergências". "Para isso, precisamos de testes rápidos com alta sensibilidade", acrescenta.

O Ministério da Saúde confirmou também à publicação espanhola os fracos resultados das análises de sensibilidade e especificidade. Foi posteriormente dada ordem ao fabricante para que substituísse os testes e que os mesmos, quando adquiridos pelo governo espanhol, sejam aprovados para uso na Europa.

O Instituto de Saúde Carlos III publicou um vídeo na sua conta na rede social Twitter a explicar como é que estes testes funcionam. 

Espanha está a seguir a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) ao estender os testes à Covid-19 a mais camadas da população. Em declarações ao El País, o coordenador de Emergências do Ministério da Saúde, Fernando Simón, informou que existem cerca de 9 mil testes defeituosos, validados no Instituto de Saúde Carlos III e em hospitais da Comunidade de Madrid. As autoridades de saúde verificaram que os dados incluídos nos certificados de qualidade "com marcação CE" não eram verdadeiros, o que levou à devolução dos lotes, explicou.
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