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Ministra brasileira diz que Carnaval desrespeita a fé cristã e ameaça com medidas governamentais

Manifestações de protesto contra o radicalismo político e religioso do governo de Jair Bolsonaro marcaram festejos.
Domingos Grilo Serrinha e correspondente no Brasil 26 de Fevereiro de 2020 às 13:09
Damares Alves
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A ministra brasileira da Família, Mulher e Direitos Humanos, a pastora evangélica Damares Alves, afirmou num evento da ONU que o Carnaval "desrespeita" e "ridiculariza" os cristãos, e ameaçou com a tomada de medidas pelo governo para mudar esse quadro, sem no entanto especificar quais. Damares, uma das vozes radicais entre os inúmeros representantes de movimentos evangélicos no governo de Jair Bolsonaro, fez as declarações numa cerimónia da Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, órgão da ONU sediado em Genebra, na Suíça.

"O que estamos vendo nas festas de Carnaval no Brasil, infelizmente, é uma afronta e um desrespeito à Fé cristã."-Reclamou a pastora, acrescentando: "Cristãos estão sendo ridicularizados de forma vil, em nome da arte, da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa."

As declarações da polémica ministra, que defende que os filhos sejam educados em casa para não serem "contaminados" nas escolas com ideias impróprias por outros alunos e que advoga a abstinência sexual como forma de purificação espiritual e de prevenção a doenças, são uma alusão às muitas manifestações de protesto contra o radicalismo político e religioso do governo de Jair Bolsonaro que deram o tom ao Carnaval deste ano por todo o Brasil. Numa das mais contundentes, a Escola de Samba Mangueira, do Rio de Janeiro, levou para a passarela um desfile que representou Jesus Cristo, além de na forma tradicional, também como negro, como índio ensanguentado, como mulher e como morador de uma favela fluminense a apanhar da polícia.

O próprio Jair Bolsonaro, alvo principal das críticas em desfiles oficiais e blocos de ruas de norte a sul do país, já tinha reagido a esta última representação do filho de Deus. Bolsonaro afirmou que mostrar Cristo a apanhar de polícias, que ele defende que não possam ser punidos por excessos nem mesmo por mortes de suspeitos, é uma tentativa de o atingir.

"Essa representação faz uma clara vinculação comigo. Estão a tentar criar uma imagem minha distorcida no Rio de Janeiro para me atingir", reagiu Bolsonaro, que classificou o episódio como "um desacato".
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