Política

“Os pássaros não são estúpidos e é provável que se adaptem”: a defesa do aeroporto do Montijo pelo secretário de Estado das Comunicações

18 fevereiro 2020 10:06

Alberto Souto de Miranda, secretário de Estado Adjunto e das Comunicações

governo de portugal

Alberto Souto de Miranda sublinha que, em 2120, Greta Thunberg poderá aterrar no Montijo “muito mais sábia”.. Para além disso, defende a segurança da solução face a boatos “tecnicamente enroupados e catastrofistas”

18 fevereiro 2020 10:06

É numa página inteira da edição desta terça-feira do jornal “Público” que Alberto Souto de Miranda, Secretário de Estado adjunto e das Comunicações, faz a defesa do Aeroporto de Montijo, garantindo que, com esta opção, “Lisboa terá uma solução aeroportuária suficiente para os próximos 100 anos”.

Em sete pontos, analisa questões técnicas, ambientais, de segurança e políticas. E, no último ponto, faz um exercício de futurologia. Após dizer que é “natural que aos 16 anos se exija a descarbonização absoluta para ontem” – “bons ideais” e que “preconizam um caminho virtuoso” –, prevê que “talvez a Greta [Thunberg], na longevidade, então banal, dos seus 117 anos, aterre no Montijo, muito mais sábia e ciente das capacidades do Homem para se transformar e com uma pontinha de orgulho por ter contribuído para tal”.

“Greta é um grito. E tem razão. Mas uma coisa são gritos de alerta, outra é a vozearia de ocasião. Não permite ouvir o essencial”, justifica. Em relação às questões ambientais, surgem à cabeça as rotas migratórias de milhares pássaros. Face às críticas de “estrénuos protectores das espécies, de matriz radical e insensata”, defende que “os pássaros não são estúpidos e é provável que se adaptem”.

“E este postulado arriscado é tão cientificamente sólido como o seu contrário: o de que eles não vão encontrar outras rotas migratórias, outras paragens estalajadeiras, como no Mouchão. Ciência sem dados comprovados não é ciência”, concretiza. Depois, surge a questão dos caranguejos, que “podem ser lentos, mas não estão em extinção. É um impacto não mitigável”. Aliás, “não há aeroportos sem impactos”.

O governante ressalva que “Alverca não é opção”, para depois admitir que ainda há “objeções” e “dúvidas” ao projeto do Montijo. Porém, “dos cinco municípios com impactos directos concretos (Montijo, Moita, Barreiro, Alcochete e Lisboa), só um (Moita) é que se opõe, sendo os outros quatro a favor. É uma coincidência ser do PCP”, pergunta.

Em relação à segurança, garante que “não há roleta russa”, mas sim “regras muito estritas”. “E nenhuma autoridade aeronáutica nacional ou internacional certificará a pista, se ela não oferecer todas as condições de segurança — 2400 metros de pista é o que têm muitas pistas por todo o mundo, onde se realizam milhares de operações aéreas, diariamente, em segurança”, declara.

O futuro surge de novo no texto quando se aborda a retirada da Base Aérea n.º 6 da zona: “O Montijo terá área liberta para uma segunda pista com mais de 3km, sem beliscar o Tejo. Lisboa terá uma solução aeroportuária suficiente para os próximos 100 anos. Em maré baixa ou em maré altíssima. (...) Com terceira travessia e caminho de ferro, assim espero”.