João Barradas lança dois novos discos e apresenta-se em solo absoluto na Gulbenkian

O multipremiado acordeonista João Barradas lançou em simultâneo dois novos discos e toca este domingo na Gulbenkian, em solo absoluto, peças de Keith Jarrett a Bach. No Grande Auditório, às 18h, com entrada gratuita mediante levantamento dos bilhetes.

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João Barradas GONÇALO F SANTOS

João Barradas voltou a repetir a façanha: dois discos lançados num só ano, e desta vez na mesma data: 3 de Fevereiro, dia do seu aniversário.

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Capas dos discos lançados no dia 3 de Fevereiro

Nascido em Porto Alto, Alentejo, em 1992 (tem agora 28 anos), João Barradas, multipremiado acordeonista e compositor influenciado pelo jazz e a música de fusão, já lançara dois discos em 2017: Directions, com músicos como Greg Osby, Gil Goldstein, Sara Serpa, André Fernandes, João Paulo Esteves da Silva, André Rosinha e Bruno Pedroso; e An End As A New Begining, este gravado com o projecto HOME: Mané Fernandes, Gonçalo Neto (guitarras), Eduardo Cardinho (vibrafone), Ricardo Marques (contrabaixo) e Guilherme Melo (bateria).

Agora, tem dois novos títulos nas plataformas digitais (e em breve em CD): Portrait, com Mark Turner (sax tenor), Simon Moullier (vibrafone), Luca Alemanno (contrabaixo) e Naíma Acuña (bateria); e Solo I - Live at Centro Cultural de Belém, gravado ao vivo em 29 de Novembro de 2019.

A par disso, continua a percorrer vários palcos pelo mundo e este domingo apresenta-se em solo absoluto na Fundação Gulbenkian, às 18h.

“Um estado de alma e de paz”

Este duplo lançamento tem, para João Barradas, um significado especial, como ele diz ao PÚBLICO: “Acontecer em simultâneo, e no meu aniversário, prende-se com o que está a acontecer a nível de concertos, com muito tempo fora do país. Aliás, o Portrait também tocou bastante em Portugal, no Festival de Jazz de Guimarães, no Funchal Jazz, no Festival de Jazz de Lisboa, várias salas. Agora chega o disco em 2020, ao mesmo tempo que sai um CD bastante diferente, de acordeão a solo, totalmente improvisado, gravado ao vivo no CCB e para mim bastante especial, porque vai ao encontro de um estado de alma e de paz, em palco, que é difícil encontrar nos discos de estúdio.”

João Barradas dá como exemplo Keith Jarrett, nalguns dos seus registos ao vivo. “Solo I é um formato que vai também buscar o meu lado da música erudita, mas totalmente improvisada. Vai da parte I à parte X, mas foi apenas para separar as faixas, porque na verdade é uma improvisação ininterrupta, não tem qualquer tipo de intervalo.”

Já o programa que ele vai apresentar na Gulbenkian compõe-se de seis peças, de Keith Jarrett a Johann Sebastian Bach. “Na verdade, é só mesmo música erudita. Mesmo o Hymn of remembrance, que foi escrito por Jarrett para o disco Spheres, gravado ao vivo. Na primeira versão, em vinil, o tema não aparecia, porque era um concerto totalmente improvisado. Mas na edição em CD [de 1976], que começa com um hino e termina com outro, como num concerto barroco, já entra. Escrito originalmente para órgão (este álbum do Keith Jarrett é tocado em órgão, numa igreja), Hymn of remembrance é um tratado de bom gosto. Vou começar o recital com esse hino e termino também com uma outra composição escrita para órgão, a Passacaglia e Fuga em Dó menor, BWV 582, de Bach.”

Uma peça em estreia nacional

Entre o Hymn of remembrance de Jarrett e a Passacaglia de Bach, João Barradas tocará ainda, por esta ordem, peças da autoria de Luciano Berio (Sequenza XIII), Yann Robin (E[N]IGMA, esta em estreia nacional), Jan Pieterszoon Sweelinck (Fantasia Contraria em Sol Dórico) e Domenico Scarlatti (Sonata em Si menor, K. 87).

Com estreia mundial em Inglaterra, E[N]IGMA foi tocada por João Barradas no Luxemburgo, no dia 12 de Fevereiro e há-de ser tocada na Casa da Música, no Porto, em Maio.

“É uma peça escrita originalmente para acordeão, para mim, por encomenda da Gulbenkian, da Casa da Música e da Philharmonie Luxembourg. O Yann Robin é um compositor francês bastante interessante, jovem, que está a dar muitas cartas no panorama da música contemporânea francesa e europeia. E é uma peça que eu tenho a convicção que vai fazer parte do cânone da música contemporânea para acordeão, porque é uma peça extremamente bem escrita, virtuosa e que me está a dar muito gozo tocar ao vivo”, explica.

A entrada no concerto no Grande Auditório da Gulbenkian, às 18h deste domingo, é, informa a Fundação, “gratuita mediante levantamento de bilhete no próprio dia a partir das 9h” (máximo de 2 por pessoa).

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