Fique em casa.Acho que a primeira vez que ouvi a palavra “quarentena” foi quando eu era bem pequena. Minha mãe nunca me poupou — e só tenho a agradecer por isso — das histórias da guerra e uma das coisas que mais me fascinava era imaginá-la em quarentena, em Malmo, na Suécia.
Essa prática vem da época das pragas medievais, quando os navios onde se suspeitava haver doentes ficavam durante 40 dias parados no porto, sem que ninguém entrasse ou saísse. E o nome pegou, mesmo que o confinamento não seja por doença ou mesmo que seja menor ou maior do que 40 dias.Moisés e os judeus peregrinaram pelo deserto durante 40 anos. A quaresma dura 40 dias. O dilúvio durou 40 dias e 40 noites. Jesus jejuou por 40 dias.
Em outra parte, tem sido assustador. Fico grudada no celular o tempo todo, me informando muito mais desnecessariamente do que precisaria, sentindo medo e ódio em intensidades iguais — às vezes alternada e às vezes simultaneamente — e, além deles, preocupação e culpa por não poder ajudar mais gente, em condições muito piores do que a minha. E sinto também uma metarraiva.
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