DESASTRE AMBIENTAL: PETRÓLEO NAS PRAIAS DO NORDESTE

Por Luiz Felipe Barbiéri e Gabriel Palma, G1 — Brasília


Ministro da Defesa diz que não é possível saber quanto óleo ainda pode chegar às praias

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O comandante de Operações Navais da Marinha, Leonardo Puntel, afirmou nesta segunda-feira (4) que o surgimento de novas manchas de óleo no litoral do Nordeste está diminuindo, mas ainda é difícil dizer o quanto vai chegar às praias.

Puntel participou, junto com outras autoridades, de uma apresentação à imprensa no Ministério da Defesa sobre a operação para combater as manchas e identificar os responsáveis pelo derramamento. As manchas começaram a surgir no final de agosto, e praias dos nove estados da região foram afetadas.

Segundo o militar, o que dificulta a identificação do volume que ainda pode chegar é o fato de o tipo de óleo derramado ficar sob a água e não ser detectável por satélites ou aviões.

"Dizer quanto óleo ainda tem é muito difícil falar. Até porque há um arrefecimento", afirmou. "Como o óleo vem submerso, nós não sabemos se ainda existe muita coisa ou pouca coisa. Não existe efetivamente uma maneira correta e precisa para monitorar essas manchas de óleo”, completou o almirante.

De acordo com a Marinha, o volume de manchas no litoral vem apresentando uma tendência de diminuição nos últimos dias. Na apresentação à imprensa, as autoridades disseram que, neste domingo (3), havia ocorrência de manchas em praias de três estados: Bahia, Sergipe e Alagoas. Nos outros seis estados do Nordeste, as praias afetadas não apresentavam óleo, de acordo com a Marinha.

"O que estamos vendo? Um arrefecimento real estatístico da quantidade de óleo nas praias. Há mais de cinco dias que não chega óleo nenhum em Pernambuco", disse Puntel.

Ainda de acordo com o governo, até a noite do domingo, 4 mil toneladas de óleo já haviam sido recolhidas de 314 localidades, em 110 municípios.

Manchas de óleo retornam à Pedra do Sal, em Salvador, nesta segunda-feira (4) — Foto: Divulgação/Limpurb

O almirante Puntel afirmou ainda que, como não é possível detectar quanto óleo ainda pode chegar ao litoral do país, as autoridades devem ficar "vigilantes o tempo todo".

Ele explicou que as correntes marítimas, em constante modificação, podem levar o material, por exemplo, para países do Caribe.

"As correntes marítimas tomam rumos diferenciados. Muito óleo que poderia ou foi lançado ao mar pode ter pego o rumo das correntes da Guiana e ter se dirigido ao Caribe, talvez até em maior quantidade", disse o almirante.

Antes da apresentação à imprensa, as autoridades fizeram um relato sobre as ações contra as manchas e a busca pelos responsáveis ao presidente Jair Bolsonaro.

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Investigações

O delegado Franco Perazzoni, da Polícia Federal, também presente na apresentação no Ministério da Defesa, disse que a empresa Delta Tankers vai ser notificada para prestar informações dentro das investigações sobre o derramamento de óleo.

A Operação Mácula, deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira (1º), apontou o navio Bouboulina, de bandeira grega, como suspeito de derramar ou vazar o óleo que atingiu o litoral nordestino. A embarcação pertence à Delta Tankers.

De acordo com o delegado, a Interpol foi acionada para auxiliar na tomada de informações.

"A empresa vai ser notificada agora, vai tomar conhecimento do teor todo da investigação, e vai ser solicitada via Interpol para apresentar os documentos e as provas que alega ter. A empresa é suspeita no momento, não houve indiciamento", afirmou o delegado.

A Polícia Federal solicitou também informações da Venezuela, onde foi abastecido o navio, de Singapura, onde teria descarregado, e África do Sul e Nigéria, países por onde a embarcação passou recentemente.

“A gente está nessa fase, aguardando as respostas das empresas, e a gente tem os próximos passos da investigação", declarou o delegado.

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