Blog do Camarotti

Por Gerson Camarotti

Comentarista político da GloboNews, do Bom Dia Brasil, na TV Globo, e apresentador do GloboNews Política. É colunista do G1 desde 2012


Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) durante participação no Congresso Conservador, em São Paulo, na última sexta-feira (11) — Foto: Reprodução/TV Globo

A disputa pela liderança do PSL na Câmara desidratou por completo entre senadores o nome do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como possível indicado para embaixador em Washington. Se indicado pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro, ele terá de ser aprovado pelo Senado.

Nesta quinta-feira, Eduardo Bolsonaro tentou ser indicado pela bancada como líder do PSL no lugar de Delegado Waldir, mas não conseguiu. Waldir obteve mais assinaturas de deputados do partido e foi mantido no posto.

Senadores ouvidos pelo Blog avaliam que o episódio expôs muito a família Bolsonaro e tirou o foco do objetivo anterior – até então, a representação diplomática nos Estados Unidos para o deputado.

O consenso entre senadores é que a Casa não pode assumir o desgaste de aprovar o nome de Eduardo Bolsonaro depois de ele ter sido rejeitado pelo próprio PSL para líder da bancada.

“O episódio provocou grande desgaste. Não dá para ter tudo ao mesmo tempo. Afinal, o que é prioridade para Eduardo Bolsonaro: ser embaixador ou líder na Câmara?”, questionou um senador que estava inclinado a votar a favor da indicação do filho do presidente.

Até o momento, o presidente Jair Bolsonaro ainda não enviou ao Senado a indicação do filho para embaixador.

Isso sinaliza que há insegurança do Palácio do Planalto em relação à aprovação pelo plenário do Senado do nome de Eduardo Bolsonaro.

Ao Blog, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros disse que a indicação está mantida. “A indicação do deputado Eduardo Bolsonaro para embaixador nos EUA está mantida e oportunamente será encaminhada mensagem ao Senado”, afirmou.

No Itamaraty, diplomatas ouvidos pelo Blog informam que o governo brasileiro não retirou a indicação de Eduardo Bolsonaro e que não há qualquer comunicação ao governo americano de mudança nos planos do presidente.

O governo foi informado em 8 de agosto que os Estados Unidos deram aval para a indicação de Eduardo Bolsonaro.

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O pedido de "agréement", como é chamada a consulta feita pelo Itamaraty, foi enviado no final de julho ao Departamento de Estado americano, que, após duas semanas, deu retorno positivo ao Brasil.

Em conversa com o Blog, senadores reconhecem que foi um erro o presidente Bolsonaro ter entrado pessoalmente em favor do filho na disputa da liderança do PSL na Câmara.

Além de não ter conseguido o apoio suficiente de deputados, o próprio Bolsonaro ficou exposto, com a revelação de um áudio em que trabalha para derrubar Delegado Waldir.

Ao ser questionado por jornalistas na quarta-feira sobre a mudança de prioridade, o deputado Eduardo Bolsonaro disse que sua indicação para a embaixada brasileira no Estados Unidos é secundária.

Para senadores, o presidente Bolsonaro deveria ter procurado outro nome para indicar como líder do PSL.

“Bolsonaro ficou muito exposto. E mostrou que a indicação do filho para embaixador não é fundamental. Depois de toda essa confusão, fica difícil o Senado aprovar um nome que foi rejeitado pela própria bancada do PSL. O Senado não pode assumir esse desgaste”, resumiu outro senador que já tinha assumido o compromisso de votar em Eduardo Bolsonaro para embaixador.

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