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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Celso de Mello declara voto em Lula: Bolsonaro é 'constrangedora figura'

Colunista do UOL

28/09/2022 05h14

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Nas pegadas de Joaquim Barbosa outro algoz do petismo no Supremo Tribunal Federal aderiu à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): o ex-decano da Corte Celso de Mello. Convidado a gravar um vídeo, o ministro aposentado preferiu escrever uma carta. O texto foi divulgado pela repórter Vera Magalhães, no jornal O Globo. Contém avaliações cáusticas sobre Bolsonaro e sua presença no Planalto.

Celso de Mello soou incandescente desde a primeira linha: "A atuação de Bolsonaro na Presidência da República revelou a uma nação estarrecida por seus atos e declarações a constrangedora figura de um político menor, sem estatura presidencial, de elevado coeficiente de mediocridade."

Para o ex-ministro, que presidiu o Supremo no biênio 1997-1999, Bolsonaro é "adepto de corrente ideológica de extrema-direita que perigosamente nega reverência à ordem democrática, ao primado da Constituição e aos princípios fundantes da República, e cujo comportamento vulgar, de todo incompatível com a seriedade do cargo que exerce."

No julgamento do processo do mensalão, que enviou para a cadeia a cúpula do PT, Celso de Mello foi implacável. No atacado, acompanhou as posições do então relator Joaquim Barbosa, que também foi inclemente com a corrupção petista. Por isso, a adesão da dupla a Lula tem forte simbologia política. Reforça a constatação de que o antibolsonarismo tornou-se a maior força política de 2022. O antipetismo não desapareceu. Mas Bolsonaro conseguiu suplantá-lo.

Nas últimas linhas de sua carta, Celso de Mello dá ao seu voto uma aparência de legítima defesa. Ele menciona o "desapreço" de Bolsonaro pelo "regime em que se estrutura o Estado Democrático de Direito."

Arremata o texto assim: "Em defesa da sacralidade da Constituição e das liberdades fundamentais, em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático, tenho uma certeza absoluta: NÃO votarei em Jair Bolsonaro! É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno."