O presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou o relatório da Polícia Federal que o acusa de cometer crime ao citar uma relação inexistente entre a vacina da Covid-19 e o aumento do risco de desenvolver Aids. A investigação da PF apura a disseminação de informações falsas divulgadas por Bolsonaro em uma transmissão ao vivo realizada em junho do ano passado.
— Eu só vou falar uma coisa. O relatório da Polícia Federal foi em cima da defesa da Advocacia-Geral da União. Mais nada além — afirmou o presidente em São José dos Campos, no interior de São Paulo.
Essa é a primeira agenda de campanha em São Paulo do presidente e candidato à reeleição. Na visita, questionado sobre o grupo de WhatsApp em que empresários defendem um golpe de Estado caso o PT vença as eleições, informação divulgada na quarta-feira pelo site Metrópoles, Bolsonaro desconversou e pediu para jornalistas pararem de "minhoca na cabeça".
O presidente ainda criticou a situação de Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela e disse que era esperado um "desastre na economia" para "eleger a esquerda" no Brasil:
— Se deram mal. Vamos agora, mês que vem, baixar para 8% a taxa de desemprego no Brasil, recorde de carteira assinada, nossos negócios para o mundo todo — declarou Bolsonaro, que ainda afirmou que sua visita ao presidente russo Vladimir Putin, em fevereiro, evitou desabastecimento no mundo.
— Se não fosse eu conversar com o Putin, teríamos desabastecimento no Brasil e estaria ameaçada a nossa segurança alimentar bem como a segurança alimentar de mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo. Eu sou técnico de time de futebol, escalei esse time sem interferência política, não tem troca-troca partidária.
Bolsonaro não respondeu nenhuma pergunta sobre a posse do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na terça-feira (16).
O presidente pousou em São José dos Campos (SP) por volta das 9h30 desta quinta-feira e chegou de comboio ao Parque Tecnológico da cidade, onde visitou instalações e ministrou uma palestra sobre inovação, tecnologia e empreendedorismo.
Em seguida, o presidente participa de uma motociata ao lado de apoiadores e, às 14h, segue para o lançamento da campanha de seu ex-ministro e candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O evento marca o primeiro ato eleitoral de Bolsonaro em São Paulo, estado onde aparece doze pontos percentuais atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo pesquisa Ipec divulgada na segunda-feira.
Em discurso a apoiadores no Parque Tecnológico, Bolsonaro voltou defender pautas ideológicas. Disse que jamais liberará as drogas no país e, sob aplausos da plateia e gritos de "mito", afirmou que é contrário ao que chama de "ideologia de gênero nas escolas".
O presidente, que cedeu ministérios ao Centrão em troca de apoio no Conselho, defendeu a escolha "técnica" de ministros, citando com exemplos Marcos Pontes (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Reforçando a estratégia de angariar votos com medidas econômicas, citou a deflação no país e a queda no desemprego. Declarou, ainda, ter sido o "único chefe do mundo contra a política do fique em casa" e o "único chefe de estado do Brasil que abriu mão do poder".
Ao final, deixou uma mensagem aos apoiadores.
— Nós somos escravos das nossas escolhas. Escolham bem, com razão, e não emoção, para o bem do nosso país.
Sua participação no primeiro evento de Tarcísio consolida a estratégia da campanha do ex-ministro de colar sua imagem à do chefe do Executivo, visto que a maior parte dos eleitores de Bolsonaro ainda não sabem que Tarcísio é o nome do presidente na disputa paulista.
O postulante do Republicanos ainda aparece distante de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas, com 12% das intenções de voto, empatado tecnicamente com o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tem 9%.
Como mostrou o GLOBO, Tarcísio atrasou a largada de sua campanha para garantir Bolsonaro em seu palanque. Haddad e Garcia já participaram de eventos terça e quarta.
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