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Por O Globo — Kremenchuk, Ucrânia

Um míssil atingiu um shopping na cidade de Kremenchuk, no centro da Ucrânia, nesta segunda-feira, deixando 16 mortos e destruindo completamente o edifício. O presidente Volodymyr Zelensky, que credita o ataque à Rússia, disse que havia "mais de mil pessoas" no local no momento do impacto e que é "impossível imaginar" o número de vítimas. O G7 chamou o incidente de 'crime de guerra'.

De acordo com serviços de emergência locais, além dos 16 mortos, 59 pessoas ficaram feridas no ataque. Imagens mostravam o centro comercial pegando fogo, com grandes colunas de fumaça e caminhões dos bombeiros.

As operações de resgate, afirmou no Telegram Kyrylo Tymochenko, chefe-adjunto do Gabinete presidencial do país, continuam no shopping, que ocupa um espaço aproximado de 10 mil metros quadrados. Segundo um repórter da agência Reuters, bombeiros e soldados reviram os escombros atrás de sobreviventes.

Míssil russo atinge shopping ucraniano com 'mais de mil' pessoas dentro, diz Zelensky

Míssil russo atinge shopping ucraniano com 'mais de mil' pessoas dentro, diz Zelensky

Em uma mensagem postada no Facebook, Zelensky disse que o prédio "não representava nenhum risco para o Exército russo. Nenhum valor estratégico. Apenas a tentativa do povo viver uma vida normal":

"Os ocupantes dispararam um míssil contra um shopping onde havia mais de mil civis. O shopping está em chamas e as equipes de resgate combatem o fogo. O número de vítimas é impossível de imaginar", postou o presidente, junto com um vídeo. "É inútil esperar decência e humanidade da Rússia.

Horas depois, em pronunciamento, chamou o ataque de "um dos atos terroristas mais ousados ​​da história europeia".

— O Estado russo tornou-se a maior organização terrorista do mundo. E isso é um fato. E isso deve ser um fato jurídico. E todos no mundo devem saber que comprar ou transportar petróleo russo, manter contato com bancos russos, pagar impostos e taxas ao Estado russo é dar dinheiro a terroristas — declarou Zelensky.

Em comunicado, os líderes do G7, o grupo de sete das maiores economias do mundo, que estão reunidos na Alemanha, chamaram o ataque de "crime de guerra", e defenderam que Vladimir Putin e todos os envolvidos sejam responsablizados. Na cúpula, que termina nesta terça-feira, o grupo acertou a imposição de novas medidas contra Moscou, como um embargo sobre as exportações de ouro e um plano para um teto de preços ao petróleo russo, que ainda será confirmado.

"Não vamos descansar até que a Rússia coloque fim à sua guerra cruel e sem sentido na Ucrânia", diz o comunicado.

O presidente francês, Emmanuel Macron, em uma publicação em russo no Twitter, chamou o ataque de "horror completo".

"Compartilhamos a dor das famílias das vítimas. E raiva diante de tanta maldade. O povo russo deve ver a verdade", escreveu, compartilhando um vídeo do ataque.

Em um tuíte, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o "mundo está horrorizado com o ataque de míssil" russo, "a mais recente em uma série de atrocidades":

"Vamos continuar a apoiar nossos parceiros ucranianos e responsabilizar a Rússia, incluindo os responsáveis pelas atrocidades", afirmou o chefe da diplomacia de Washington.

O Kremlin ainda não fez comentários sobre o ataque, mas nega mirar civis em sua "operação militar especial" — nome pelo qual chama a operação militar que completou quatro meses na última sexta. Vadym Denysenko, conselheiro do Ministério do Interior, disse à Reuters que o Kremlin pode ter tido três motivos para o ataque:

— O primeiro, indubitavelmente, é disseminar pânico. O segundo é destruir infraestrutura — afirmou. — O terceiro é aumentar o que está em jogo para forçar o Ocidente civilizado a se sentar novamente à mesa para conversas.

Antes de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir o ataque, convocada para terça-feira, o vice-embaixador russo na organização, Dmitry Polyansky, sugeriu que o ataque foi realizado pelos próprios ucranianos — o argumento foi o mesmo usado por Moscou após a revelação sobre o massacre ocorrido em Bucha, nos arredores de Kiev, em março.

"Parece que estamos lidando com uma nova provocação ucraniana ao estilo de Bucha. Devemos esperar para ver o que nosso Ministério da Defesa vai dizer, mas há muitas discrepâncias. Exatamente o que o regime de Kiev precisa para que as atenções estejam voltadas para a Ucrânia antes da Cúpula da Otan", escreveu Polyansky no Twitter.

Kremenchuk é uma importante cidade industrial no centro do país, na região de Poltava, às margens do rio Dnipro, onde há um grande porto fluvial. É também lar da maior refinaria de petróleo do país, a Ukrtatnafta. Antes da invasão russa começar, em 24 de fevereiro, tinha cerca de 217 mil habitantes.

Ocupada pelos nazistas por mais de dois anos durante a Segunda Guerra Mundial, teve mais de 90% de seus prédios destruídos. Durante a Guerra Fria, abrigou forças estratégicas do Exército e mísseis balísticos intercontinentais.

Ofensiva no Leste

O ataque ao shopping vem um dia após ao menos 14 mísseis russos atingiram Kiev na madrugada de domingo. Um complexo de apartamentos foi atingido no bairro de Shevchenkivskyi, perto do centro da cidade, deixando ao menos um morto e seis feridos.

No sábado, após semanas de duros combates, Severodonetsk foi "totalmente ocupada" pelo Exército russo. A conquista da cidade estratégica, na bacia do Donbas, no Leste do país, abre caminho para que o Kremlin amplie seu domínio na região, que compreende os territórios de Donetsk e Luhansk.

É uma das vitórias mais cruciais para o presidente Vladimir Putin desde que a invasão começou, há quatro meses. Seu papel é ainda maior desde que o Kremlin fez uma correção de rota, no fim de março: abandonou as grandes e frustradas ofensivas ao redor de Kiev, concentrando-se no Leste.

Em Luhansk, a única cidade que ainda não está sob comando russo é Lysychansk. De acordo com o governo local, que faz um apelo para que os civis deixem a área, há bombardeios e ataques constantes no local.

Encontro do G7

O ataque ao prédio coincide também com o segundo e último dia do encontro do Grupo dos Sete (G7), grupo que reúne algumas das economias mais avançadas do mundo. Em uma participação convidada por videoconferência, Zelensky fez um apelo para que os mandatários "façam o máximo" para pôr um fim à invasão russa. Afirmou, porém, que "este não é o momento para negociações".

As negociações estão paralisadas desde abril. Kiev, que inicialmente concordara em deixar a Península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, fora das negociações, e em dar autonomia às regiões onde atuam separatistas pró-Rússia em Donbass, mudou de posição depois de receber armamentos mais sofisticados do Ocidente.

O governo ucraniano crê que o plano do Kremlin é postergar o conflito até o inverno no Hemisfério Norte, que é bastante rigoroso na Ucrânia. Segundo Kiev, Moscou crê que o frio e a neve poderão facilitar novos ganhos territoriais. Além disso, as consequências na Europa da redução do envio de gás russo serão mais sentidas.

A reunião do G7 vem em meio a uma maratona de cúpulas internacionais em que Kiev estará no centro dos debates. No final da semana passada, os líderes da União Europeia se reuniram e confirmaram que os ucranianos tornaram-se candidatos à adesão ao bloco. Já entre os dias 28 e 30, os chefes dos países-membros da Otan se reunirão em Madri para discutir o maior reforço militar desde a Guerra Fria.

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