Saúde

Lençóis Paulista (SP) mantém vacinação por agendamento após análise descartar reação em criança

Prefeito Anderson Prado disse ao GLOBO que município vai retomar imunização em massa na próxima terça-feira, após suspensão por sete dias; menina de 10 anos apresentou quadro clínico adverso, mas sem relação com a vacina, segundo investigação
Vacinação infantil seguirá por agendamento até a próxima terça-feira em Lençóis Paulista Foto: Divulgação Prefeitura Lençóis Paulista
Vacinação infantil seguirá por agendamento até a próxima terça-feira em Lençóis Paulista Foto: Divulgação Prefeitura Lençóis Paulista

RIO — O município de Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, decidiu manter a vacinação infantil apenas por agendamento até a próxima terça-feira, mesmo após uma investigação da Secretaria de Estado da Saúde concluir que um efeito adverso em uma criança imunizada contra Covid-19 não teve relação com a vacina . A prefeitura suspendeu a imunização em massa nesta quarta-feira por sete dias depois que uma menina de 10 anos foi internada supostamente por uma parada cardíaca.

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Uma análise do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de São Paulo, realizada por mais de 10 especialistas, apontou nesta quinta-feira que a criança possuía uma doença congênita rara, desconhecida até então pela família. A conclusão foi de que não existe qualquer relação causal entre a vacinação e seu quadro clínico. Especialistas já afirmavam que a vacinação infantil é segura e eficaz.

"A Secretaria de Estado da Saúde reforça a importância da vacinação e reafirma que todas os imunizantes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária são seguros e eficazes", afirmou a pasta em nota.

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Segundo o prefeito Anderson Prado (DEM), as autoridades estão monitorando as 46 crianças vacinadas até agora na cidade e apenas uma apresentou febre, reação comum após a imunização. Uma enfermeira mantém contato diário com as famílias. A menina de 10 anos que precisou ser internada está estável e consciente. Ela foi encaminhada ao Hospital Unimed de Botucatu, onde permanece em observação.

O município seguirá vacinando por agendamento nesta sexta e na segunda-feira. Pais que queiram imunizar seus filhos devem ligar para a Central de Saúde e marcar. A imunizanção em massa será retomada na próxima terça-feira, quando acabam os sete dias de suspensão.

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— Seguiremos monitorando nossas 46 crianças vacinadas. Na terça-feira, retomamos (a vacinação em massa) — disse Prado ao GLOBO. — Eu acredito na nota informativa do Centro, nos técnicos e que a vacinação é segura e devemos orientá-la. Sempre fomos a favor da vacinação —  emendou.

De acordo com Prado, até a última atualização, Lençóis Paulista tinha 2.243 casos ativos de Covid-19 e nenhuma pessoa internada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

— É um reflexo claro da vacinação — afirmou.

A aplicação da vacina em pessoas com 12 anos ou mais segue de segunda a sexta-feira na Central de Vacinação do Espaço Cultural, das 16h30 às 20h. Quem não conseguir se vacinar no local, deve procurar o ESF da Maria Cristina, das 8h às 15h, para receber a dose da vacina contra Covid-19.

Suspensão

A Prefeitura nesta quarta-feira a suspensão da vacinação por sete dias após uma menina de 10 anos supostamente ter sofrido uma parada cardíaca, segundo relatos dos pais. O evento adverso teria ocorrido 12 horas depois que a criança recebeu a dose pediátrica da Pfizer.

De acordo com a Prefeitura, o pai contou que a criança "apresentou alterações nos batimentos cardíacos e desmaiou". Ela foi encaminhada à rede de saúde particular para receber atendimento médico, onde foi reanimada.

A decisão pela suspensão da vacinação foi tomada pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19, em reunião extraordinária realizada na tarde desta quarta-feira. Na ocasião, ficou estabelecida a interrupção da aplicação de imunizante em crianças entre 5 e 11 anos por sete dias, "em livre demanda".

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A Pfizer informou, por meio de nota, que o relato de potencial evento adverso foi submetido à área de farmacovigilância da empresa, conforme estabelece o processo global da companhia.

No texto, a Pfizer também afirma que "não há alertas de segurança graves relacionados ao imunizante". E acrescenta que a "companhia realiza habitualmente o acompanhamento de relatos de potenciais eventos  adversos  de  seus  produtos,  mantendo  sempre informadas as  autoridades sanitárias brasileiras, de acordo com a regulamentação vigente".

Leia a íntegra da nota da Pfizer:

Assim que a Pfizer teve conhecimento do caso, foi submetido um relato de potencial evento adverso para a área de farmacovigilância, conforme processo global da companhia.

A Pfizer já distribuiu globalmente mais de 2.6 bilhões de doses da vacina ComiRNAty em mais de 166 países ao redor do mundo e não há alertas de segurança graves relacionados ao imunizante.

Os eventos adversos que podem ser relacionados à vacina identificados durante as fases de estudo pré e pós comercialização constam na bula do produto https://www.pfizer.com.br/bulas/comirnaty. Os órgãos de vigilância locais e internacionais competentes endossam que o benefício da vacinação segue se sobrepondo a qualquer risco.

A companhia realiza habitualmente o acompanhamento de relatos de potenciais eventos adversos de seus produtos, mantendo sempre informadas as autoridades sanitárias brasileiras, de acordo com a regulamentação vigente.

Especificamente para a vacina ComiRNAty, a fim de facilitar ainda mais o contato com a empresa e o monitoramento dos potenciais eventos adversos da vacina, a Pfizer estabeleceu um portal para comunicação de informações relacionadas a relatos de eventos adversos: https://www.pfizersafetyreporting.com/#/pt.

Pacientes que apresentem qualquer quadro de potencial evento adverso devem manter acompanhamento médico ou com serviço de saúde de referência e seguir as condutas clínicas instituídas e orientadas por tais responsáveis.

Os profissionais de saúde, incluindo os médicos, podem acessar os canais de comunicação da Pfizer para obter informações técnicas ou ter acesso a literatura médica especializada.

O imunizante demonstrou eficácia de 90,7% em estudo clínico desenvolvido especificamente para a faixa etária pediátrica (5 a 11 anos). Os ensaios de Fase 2/3 foram realizados em 2.268 crianças, nos Estados Unidos, Finlândia, Polônia e Espanha, e apresentaram respostas robustas na produção de anticorpos além de perfil de segurança favorável.