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Bolsa fecha no maior patamar desde outubro e dólar volta a cair, em linha com exterior positivo

Moeda americana teve baixa de 0,92%, negociada a R$ 5,41. Ibovespa segue aproveitando fluxo externo e ultrapassa os 109 mil pontos
Investidores avaliam sinalizações sobre política monetária no Brasil e no exterior. Foto: Dado Ruvic / REUTERS
Investidores avaliam sinalizações sobre política monetária no Brasil e no exterior. Foto: Dado Ruvic / REUTERS

RIO — Pelo segundo pregão consecutivo, o dólar apresentou forte queda ante o real enquanto a Bolsa subiu. Os ativos domésticos se beneficiaram do alívio visto no exterior, com a acomodação dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e a maior busca por risco por parte dos investidores.

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A moeda americana teve baixa de 0,92%, negociada a R$5,4150. Este foi o valor de fechamento mais baixo desde o pregão de 11 de novembro, quando a divisa terminou cotada a R$ 5,4041.

O Ibovespa, por sua vez, subiu 1,01%, aos 109.101 pontos. O patamar de fechamento foi o maior desde o pregão do dia 20 de outubro, quando o principal índice da B3 encerrou aos 110.786 pontos.

O destaque foi para empresas de setores que vinham descontados pelas altas nas taxas de juros, como é o caso dos papéis de tecnologia e varejo.

— Hoje, até ações de menor liquidez tiveram uma performance boa enquanto empresas associadas a uma maior defensividade caíram. Temos uma percepção de menor risco interno, que ficou refletida tanto nos juros quanto no dólar — afirmou o analista da Constância Investimentos, Gustavo Akamine.

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Para o chefe da mesa de operações da B&T Câmbio, Marcos Trabbold, o desempenho do dólar sofreu mais uma vez a influência de um ambiente externo mais positivo, com a entrada de fluxo.

— Em boa parte, há uma realização de lucros, já que o mercado estava forçando demais as taxas — disse Trabbold, não cravando que o movimento de baixa seguirá nas próximas semanas devido a volatilidade do mercado.

Akamine destaca que o Brasil vem se beneficiando de uma maior entrada de fluxo estrangeiro, importante componente do nosso mercado, nas primeiras semanas do ano. Até o pregão do dia 18, o fluxo de capital externo no é positivo em R$ 14,01 bilhões, segundo dados da B3.

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— Há um maior interesse em Brasil, principalmente, pelo nível de avaliação das empresas aqui. O Brasil está barato em relação a outros mercados.

Os juros futuros também caíram, em linha com a melhora no ambiente externo.

No fim do pregão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 cedeu de 12,03% no ajuste anterior para 11,91% e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 11,63% para 11,47%.

Já a do contrato para janeiro de 2025 passou de 11,26% para 11,11% e a do DI para janeiro de 2027 teve queda para 11,11% após registrar 11,24%  na leitura anterior.

Sinalizações de política monetária

No exterior, os investidores avaliaram sinalizações sobre a política monetária de importantes bancos centrais. Na Europa, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a instituição não deve reagir tão vigorosamente quanto o Federal Reserve, Banco Central americano, para conter a inflação.

— Temos todas as razões para não reagir tão rápido e tão abruptamente quanto podemos imaginar que o Fed faria. Mas começamos a reagir e, claro, estamos prontos para responder com a política monetária se os números, dados, fatos, assim exigirem — disse Lagarde em entrevista à Rádio France.

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O BCE está sendo pressionado a tomar providências após a inflação em 12 meses atingir o recorde de 5% em dezembro.

As autoridades do banco concordaram, no final do ano passado, em retirar gradualmente as medidas de estímulo implementadas para enfrentar a pandemia, porém afirmam que um aumento na taxa básica de juros é altamente improvável este ano.

Outra decisão de destaque foi a do Banco Central da China, que anunciou cortes no custo dos empréstimos de curto, em mais uma medida que vai no caminho da flexibilização monetária.

Na cena interna, as atenções se voltaram para falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Durante participação em um evento organizado por um banco, Campos Neto afirmou que a inflação no Brasil já começou a descer , mas ressaltou que a instituição está acompanhando possíveis surpresas nos preços.

Segundo o presidente do BC, no início deste ano surgiram dois fatores que podem impactar a inflação, a alta nos preços de petróleo e as chuvas que têm prejudicado as safras do país.

Ele destacou que esses fatores já provocaram um pequeno crescimento das expectativas de mercado para a inflação e serão levados em consideração nas análises do Banco Central.

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Hoje, a Selic está 9,25% ao ano e, segundo o último Boletim Focus, deve terminar 2022 no patamar de 11,75%. O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre no início de fevereiro.

Ações

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiram 0,64% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 0,73%.

As ordinárias da Vale (VALE3) cederam 1,70% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 0,45%.

As preferenciais da Usiminas (USIM5) tiveram queda de 1,07%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tiveram quedas de 0,81% e 0,09%, respectivamente,

Na ponta positiva, as units do Banco Inter (BIDI11) avançaram 13,16% e as do BTG Pactual (BPAC11), 7,24%. Os papéis ON da Méliuz (CASH3) subiram 8,27%.

Entre as varejistas, as ordinárias do Magazine Luíza (MGLU3) subiram 5,39% e as da Via (VIIA3), 5,25%. Os papéis ON do Grupo Soma (SOMA3) avançaram 9,19%.

Bolsas no exterior

As bolsas americanas fecharam com baixas. O índice Dow Jones cedeu 0,89% e o S&P, 1,10%. A Bolsa de Nasdaq caiu 1,30%.

No país, foram divulgados números sobre o mercado de trabalho. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego totalizaram 286 mil na semana encerrada em 15 de janeiro, alta de 55 mil em relação à semana anterior.

O aumento registrado foi o maior em três meses, sugerindo que a variante Ômicron está tendo um impacto maior no mercado.

Na Europa, as bolsas fecharam com sinais contrários. A Bolsa de Londres cedeu 0,06% e a de Frankfurt subiu 0,65%. Em Paris, ocorreu alta de 0,30%.

As bolsas asiáticas fecharam com direções contrárias. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 1,11%. Em Hong Kong, houve alta de 3,42% e, na China, leve baixa de 0,09%.