Primeira ocupação, há quase dez anos, não levou segurança nem investimentos sociais a moradores do Jacarezinho
A primeira ocupação do Jacarezinho aconteceu em meados de outubro de 2012. No dia 14 daquele mês a Secretaria de Estado de Segurança Pública informava que a comunidade, juntamente com Manguinhos, tinham sido totalmente dominadas pelas forças policiais que realizavam, desde a madrugada daquele domingo, uma operação de pacificação nas duas favelas. A ação não enfrentou resistência e durou apenas 20 minutos, tendo contado com apoio dos Fuzileiros Navais e de efetivos da Polícia Rodoviária Federal.
Primeiro chegaram os conteineres para brigar os policiais sediados no local e em janeiro do ano seguinte foi instalada a Unidade de Polícia Pacificadora do Jacarezinho, com o objetivo de minimizar o controle territorial de facções e instalar projetos sociais. Porém, não aconteceu nem uma coisa nem outra. Em janeiro de 2018, cinco anos depois de sua chegada, a UPP local era o retrato da decadência do projeto, assim como acontecia em outras localidades.
Àquela altura a unidade já era o retrato do abandono. Cercados de lixo, os contêineres onde o local deveria funcionar encontravam-se em péssimo estado. Dois deles estavam fechados. Até mesmo os policiais eram alvos constantes da bandidagem e eram obrigados a buscar abrigo no local onde os carros estacionam. As caixas d'água que deveriam servir a UPP continham várias marcas de tiros.
Em dezembro daquele ano quatro PMs foram baleados durante um ataque de traficantes, que atacaram simultaneamente a sede da UPP e os sete postos espalhados pela comunidade.Àquela altura, moradores já estavam habituados a uma rotina de violência e histórico de denúncias de truculência da polícia, em ações muitas vezes de retaliações, como a de resposta à morte de um policial ciivil em agosto de 2017 .
Em setembro de 2019, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) realizava uma operação na Favela do Jacarezinho para desmobilizar a base administrativa da UPP da comunidade, com retirada de móveis e promessa de reformulação da UPP do Jacarezinho. Esse processo resultou na transferência de 80 homens para o Batalhão de Piciamento em Vias Expressas (BPVE) para reforçar o patrulhamento na Avenida Brasil, na Linha Amarela e na Linha Vermelha, o que marcou o fim de um sonho de pacificação que não aconteceu.
O projeto das UPPs foi o carro-chefe da política de segurança do governo de Sérgio Cabral (2007-2014), implementado pelo então secretário de Segurança José Mariano Beltrame. Atingiu bons resultados, com redução dos índices de criminalidade, até 2013, o mesmo ano que chegou ao Jacarezinho, já apresentando os primeiros sinais de falência.
Primeira ocupação, há quase dez anos, não levou segurança nem investimentos sociais a moradores do Jacarezinho
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