Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Murillo de Aragão
Continua após publicidade

O atraso da vanguarda

Políticos do século XX, Bolsonaro e Lula têm ideias do século XIX

Por Murillo de Aragão 15 jan 2022, 08h00

O ano mal começou e o bestialógico na política já se faz presente. Duas recentes declarações expressas pelos dois ponteiros da campanha eleitoral à Presidência revelam o atraso em que vivemos.

A primeira foi dada por Jair Bolsonaro, ao se referir a pessoas “taradas por vacinas”. Incrível como o presidente da República insiste em um tema já superado. E em um país onde a imunização conta com amplo apoio, inclusive por parte da maioria daqueles que o cercam.

O Brasil — ainda bem — há muito adotou a cultura das vacinas. Por isso mesmo, em meio às dificuldades e precariedades no acesso à saúde, sobrevivemos e reduzimos a mortalidade infantil. Tudo por causa da existência do nosso Sistema Único de Saúde (SUS), da boa qualidade de nossos profissionais na área e do imenso sucesso do nosso programa de vacinações.

A insistência da narrativa antivacinas representa um grave retrocesso. Desde 1985, com o programa de autossuficiência em imunizantes, o Brasil conseguiu erradicar diversas doenças. Além disso, nossa produção permite a oferta de fármacos para outros países.

Continua após a publicidade

Agora, a Fiocruz vai produzir o ingrediente básico da AstraZeneca contra a Covid-19 e em breve o Instituto Butantan também cobrirá todo o processo de produção de sua vacina. Sermos “tarados por vacinas” salvou milhões de brasileiros. É incrível que a morte de milhões no mundo não seja capaz de sensibilizar uma minoria de nefelibatas.

“O debate sobre vacinas e reforma trabalhista é um negacionismo que não interessa ao país”

A segunda declaração a revelar o atraso de nossa política foi dada por Luiz Inácio Lula da Silva contra a reforma trabalhista. O ex-presidente usou como exemplo a revogação parcial da legislação espanhola. Obviamente, o que preocupa os aliados sindicalistas de Lula é o fim da contribuição sindical obrigatória, que patrocinava aqui campanhas eleitorais, mordomias e, infelizmente, corrupção.

Continua após a publicidade

A “boca” da contribuição sindical deflagrou uma febre de criação de sindicatos de araque país afora. Lula não é bobo e sabe o que ocorria no mundo sindical. Daí voltar a embarcar nessa canoa é um contrassenso. O modelo trabalhista brasileiro, ainda que com discretos aperfeiçoamentos, foi e é um fracasso. Encarece o emprego, engorda os cofres públicos sem a devida contrapartida. É uma criação derivada do fascismo italiano cujo propósito foi instrumentalizar os sindicatos como aparelhos ideológicos. Por isso, muitos partidos têm um sindicato para chamar de seu — que termina sendo uma agremiação usada como máquina eleitoral.

O debate sobre vacinas e sobre a reforma trabalhista mostra os dois atuais ponteiros eleitorais navegando nas nuvens de um negacionismo que não interessa ao país. Temos de continuar vacinando e temos de ampliar a cobertura vacinal para crianças. Temos de fortalecer o SUS e implementar reformas — não apenas a trabalhista — que promovam o emprego maciço e o desenvolvimento social, que libertam o indivíduo da tutela corporativista ou estatal.

Tanto Lula quanto Bolsonaro são políticos do século XX com ideias do século XIX. Ainda bem que o Brasil tem a capacidade de criar instituições públicas e privadas robustas que resistem ao reacionarismo de ambos.

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 19 de janeiro de 2022, edição nº 2772

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.