Por g1


Notas de dólar — Foto: Gary Cameron/Reuters

O dólar fechou em queda de 0,65%, cotado a R$ 5,6282, nesta sexta-feira (21), com garantias do ministro da Economia, Paulo Guedes de que não deixará o cargo amenizando temores de descontrole total da situação das contas públicas.

No acumulado da semana, o avanço foi de 3,22%.

Ele fez a afirmação em meio à reação negativa do mercado às medidas que farão o governo "furar" o teto de gastos e afrouxar as regras fiscais como forma de financiar o novo programa social Auxílio Brasil no ano eleitoral de 2022.

Apesar do recuo registrado nesta sexta, a moeda norte-americana acumula alta de 3,35% no mês e de 8,50% no ano. Veja mais cotações.

Nesta sessão, o Banco Central não anunciou ofertas líquidas de dólar para esta sessão.

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Furo do teto de gastos

Na noite desta quinta-feira, a comissão especial criada na Câmara para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios aprovou uma mudança no teto de gastos para viabilizar o Auxílio Brasil, programa social que deve substituir o Bolsa Família. O texto agora segue para o plenário.

A proposta de furar o teto para bancar o programa social repercutiu negativamente no mercado, elevando os temores de piora do quadro fiscal e de descontrole dos gastos públicos para financiar medidas vistas como populistas.

"Já estamos falando de um quadro inflacionário bastante preocupante e o gestor tem que perceber que está fazendo alguma coisa errada. Se a inflação no Brasil começou a subir antes de todo mundo e sobe mais forte, com o dólar descolado dado o cenário internacional, o gestor de política econômica tem que desconfiar. Então, é obvio que necessitava um maior cuidado na questão macroeconômica. Não é sair fazendo e a inflação é problema do BC. Tem erros sistemáticos cometidos", disse a economista Zeina Latif, em entrevista à GloboNews.

Veja vídeo abaixo:

Economista sobre teto de gastos: 'Não entendo o silêncio do Tribunal de Contas da União'

Economista sobre teto de gastos: 'Não entendo o silêncio do Tribunal de Contas da União'

Em meio ao retorno de ameaças de greve de caminhoneiros em razão da alta dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro também anunciou que o governo vai oferecer uma ajuda de R$ 400 a cerca de 750 mil caminhoneiros autônomos para compensar o aumento do preço do diesel, sem informar de onde vai tirar os recursos nem a partir de quando o benefício será pago.

Após a equipe econômica ter sido atropelada pela ala política do governo Bolsonaro na discussão sobre a fonte de financiamento do novo programa social do governo, quatro secretários do Ministério da Economia pediram demissão dos cargos nesta quinta-feira.

A explosão da dívida pública e o risco de um descontrole da situação fiscal é apontado por analistas e investidores como um dos principais fatores de incerteza doméstica, podendo inclusive inviabilizar uma retomada sustentada da economia brasileira.

"Tirar o teto de gasto e precatórios com limitações podem ser entendidos como abertura de porteira para mais gastos ineficientes, tendo em vista as próximas eleições polarizadas de 2022. Vamos perder a âncora, sem colocar nada no lugar", afirmou Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais.

Na visão do mercado, as manobras para furar do teto dos gastos colocam ainda mais pressão no dólar e para o Banco Central elevar a taxa básica de juros, atualmente em 6,25% ao ano. "Isso compromete a expansão do PIB em 2022. Para as classes de renda baixa, o efeito parece ser de dar com uma mão e tirar com a outra, considerando inflação ascendente e desemprego elevado", acrescentou Bandeira.

Comissão aprova PEC dos Precatórios com mudança no teto de gastos para viabilizar Auxílio Brasil

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Por que o dólar sobe? Assista no vídeo abaixo:

Entenda a alta do dólar

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