Por g1


O principal índice de ações da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em forte queda nesta quinta-feira (21), com os mercados reagindo às declarações do ministro Paulo Guedes, que falou em "licença" para furar o teto de gastos para financiar o valor de R$ 400 para o programa Auxílio Brasil.

O Ibovespa caiu 2,75%, a 107.735 pontos. É a pior pontuação do ano e a menor desde 23 de novembro (107.378 pontos). Veja mais cotações.

Na quarta-feira, a bolsa fechou em alta de 0,10%, aos 110.786 pontos, após ter registrado queda de 3,28% na terça-feira. Com o resultado de hoje, passou a acumular queda de 2,92% no mês e de 9,48% no ano.

As ações da Petrobras estiveram entre as quedas mais importantes do dia, de mais de 3%, depois que o presidente Jair Bolsonaro prometeu ajuda a 750 mil caminhoneiros para compensar o aumento do diesel. A Vale, maior proporção do índice, caiu 2%.

Também em clima de indisposição, o dólar teve alta de quase 2%, chegando a R$ 5,66. Na maior cotação do dia, chegou a R$ 5,6889, renovando máximas não registradas desde abril.

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Cenário

Antes mesmo da abertura dos mercados, os ativos brasileiros negociados nos mercados externos despencavam nesta manhã em reação às declarações feitas pelo ministro na noite de quarta-feira. Em Paris, um ETF que acompanha o Ibovespa desabava 5,2%, maior queda desde março. No pré-mercado em Nova York, o iShares MSCI Brazil ETF caía 3,8%.

A fala do ministro Paulo Guedes de que o governo estuda alternativas para viabilizar o valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil foi interpretada pelo mercado como o fim do teto de gastos, tido como âncora fiscal do Brasil, o que golpearia um já fragilizado cenário para as contas públicas no país. A regra em vigor desde 2016 não permite o crescimento das despesas do governo acima da inflação do ano anterior.

"Temos a regra fiscal e ela está sendo desmontada. Esse 'waiver' que o ministro pediu ontem é o fim do teto de gastos", afirmou o economista e especialista em contas públicas Guilherme Tinoco, em entrevista à GloboNews (veja vídeo acima).

O ministro disse que o governo avalia se o benefício temporário que irá vitaminar o novo Bolsa Família será pago fora do teto, o que demandaria uma licença, chamada pelo ministro de "waiver", para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões, ou se haverá opção por uma mudança na regra constitucional do teto de gastos para acomodá-lo.

Guedes defendeu que o governo busca ser "reformista e popular" e "não "populista", em meio a críticas generalizadas de que a burla ao teto de gastos seria uma medida eleitoreira e que não representaria uma mudança efetiva para o Bolsa Família.

No exterior, o sentimento foi moderado por novas preocupações com a Evergrande e todo o setor imobiliário da China. A empresa enfrentou colapso de uma venda de ativos de US$ 2,6 bilhões da endividada incorporadora.

As principais bolsas da Ásia encerraram a sessão em queda. A Bolsa de Tóquio caiu 1,87%, impulsionada também pela proximidade das eleições nacionais para a escolha de um novo primeiro-ministro. A de Seul perdeu 0,19% e a de Hong Kong, 0,45%.

As ações europeias se estabilizaram perto de máximas em seis semanas, com a compra de ações defensivas e de crescimento ajudando a compensar perdas nas mineradoras impactadas pela Evergrande. Depois de chegar a cair até 0,6%, o índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,1%, a 469,71 pontos.

Nos EUA, o Dow Jones está em estabilidade, S&P 500 e Nasdaq operam em alta.

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