Por g1 SP — São Paulo


Filho de Portinari se emociona ao ver a releitura gigante de quadro do pai

Filho de Portinari se emociona ao ver a releitura gigante de quadro do pai

João Cândido Portinari, filho de Cândido Portinari, ficou emocionado com a releitura da obra "O lavrador de café", de seu pai, feita pelo artista e ativista Mundano, em um mural de 780 m² no Centro de São Paulo.

"Eu achei extraordinário. Essa questão do meio ambiente tomou um relevo que não tinha tanto assim antes. Esse trabalho do Mundano é essencial, é oportuno, atualíssimo", afirmou João Cândido à GloboNews.

Prestes a ser finalizado, o grafite foi produzido com tinta feita à base de cinzas das florestas brasileiras que foram queimadas nos últimos meses.

O painel fica localizado na Rua Capitão Mor Jerônimo Leitão, 108. Segundo os produtores da exposição, a melhor vista para a obra é a da passarela da Avenida Prestes Maia.

Artista e ativista brasileiro Mundano trabalha no mural 'O Brigadista da Floresta' usando tinta feita com cinzas coletadas e trazidas de incêndios na Amazônia, Pantanal e outros biomas, em São Paulo, Brasil, neste sábado, 16 de outubro de 2021. — Foto: CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO

O Brasil já registra o maior número de queimadas em áreas de Mata Atlântica dos últimos 15 anos. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), até agosto, ocorreram mais de 11,2 mil focos de incêndio em locais com a presença do bioma, em todo o território nacional.

Obra 'O lavrador de café', do artista plástico paulista Cândido Portinari. — Foto: Reprodução/MASP

Processo

As cinzas foram coletadas, amassadas, trituradas em um moedor de café e, depois, misturadas em água e tinta. Depois desse processo, o material foi aplicado na superfície.

A proposta da ação, de acordo com Mundano, é denunciar a destruição dos grandes ecossistemas brasileiros, “que estão sendo, literalmente, reduzidos a cinzas”, além de homenagear os brigadistas que combatem as queimadas Brasil afora.

“A expedição saiu de São Paulo e percorreu mais de 10 mil km por quatro biomas - Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica - para coletar as cinzas da floresta”, contou ele. “

A gente encontrou ossadas, mandíbulas, dentes, espinha dorsal. Então, dá pra sentir a dor. Essas árvores foram queimadas vivas, esses animais foram queimados vivos”, relatou.

Porção de cinzas retiradas de queimadas na floresta amazônica. — Foto: Reprodução/Instagram

“A gente quer pegar essas cinzas da floresta e transformar em ‘artivismo’ para defender, preservar e para homenagear todos e todas que defendem a floresta de pé. Sem floresta, não tem água; sem água, não tem vida”, pontuou Mundano.

O “Artivista”

Obra do artista Mundano homenageia operários de Brumadinho

Obra do artista Mundano homenageia operários de Brumadinho

Mundano já utilizou outros recursos para denunciar catástrofes ambientais. No início de 2020, um ano após a tragédia de Brumadinho, em homenagem aos trabalhadores da cidade mineira, o artista produziu um mural de 800 m² com a releitura da obra 'Operários', de Tarsila do Amaral.

A tinta utilizada no painel próximo ao Mercado Municipal, no Centro da capital, era composta pela lama formada após o rompimento da barragem, em 2019.

Em 2014, o artista pintou a carcaça de um carro, submerso na represa do Atibainha, no Sistema Cantareira, e colocou os dizeres “Bem-vindo ao deserto da Cantareira”.

Mundano fundou a ONG Pimp My Carroça, que busca dar visibilidade e aumentar a renda de coletores de materiais recicláveis, e o aplicativo Cataki, que aproxima os profissionais da reciclagem dos geradores de resíduos por meio de um mapa virtual.

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