Por TV TEM


Abner Teixeira perde para cubano no boxe — Foto: Luis Robayo/Reuters

Após quase 20 minutos de pura angústia, a mãe do pugilista Abner Teixeira diz estar feliz pelo desempenho do filho na semifinal do boxe masculino nas Olimpíadas de Tóquio. O atleta não conseguiu vencer o cubano Julio La Cruz, mas conquistou a medalha de bronze na categoria peso pesado (até 91 quilos) nesta terça-feira (3).

Durante os três rounds, Izaudite Sampaio permaneceu de joelhos em oração pelo filho. "Eu nem olho. Só ouço e oro, pedindo a Deus para que o guarde e o proteja", conta.

Os juízes pontuaram decisão dividida (4-1) a favor do cubano Julio. Na saída do ringue, Abner não escondeu a decepção com a derrota, mesmo tendo a medalha garantida. No entanto, em Sorocaba, na casa da mãe, o resultado trouxe muito orgulho e alegria.

"O sentimento é de dever cumprido. É óbvio que o sonho dele era trazer o ouro, mas ele é muito guerreiro, tem muito foco nos objetivos. Ele queria muito, mas todos que estão lá também queriam. Por isso, eu fico em paz, porque ele representou o Brasil e representou Sorocaba. Eu penso muito na parte física e emocional dele também, então, se ele está bem, eu fico bem", diz Izaudite.

Mãe de Abner Teixeira avalia desempenho e comemora medalha de bronze no boxe — Foto: Anderson Cerejo/TV TEM

De projeto social ao ringue olímpico

Família de Abner Teixeira assiste à luta das semifinais — Foto: Nathalia Silva/TV TEM

Nascido em Osasco, Abner logo se mudou para Sorocaba, no interior de São Paulo, onde conheceu o projeto social "Boxe - Mãos para o Futuro", do professor Vladimir Godoi. Foi lá que a paixão pelo esporte despertou e os dias de sedentarismo foram embora.

Desde então, Abner foi bicampeão brasileiro juvenil e de elite, tornando-se uma das referências no boxe nacional na categoria acima de 91 quilos. No Pan de Lima, no Peru, em 2019, Abner conquistou a medalha de bronze.

"Essa medalha do Abner é bacana, ela muda a vida do atleta. Para qualquer atleta olímpico, pois ele não terá um salário maior do clube, porque não existe essa carreira no Brasil. Precisamos tomar bastante cuidado, porque o Esquiva Falcão ganhou prata na Olimpíada e estava tendo que trabalhar entregando pizza", desabafou Vladimir após a luta desta terça-feira.

Abner Teixeira com a mãe, Izaudite — Foto: Arquivo pessoal

O sonho do ouro olímpico não foi alcançado desta vez, mas o pugilista segue se esforçando na carreira e já tem agenda lotada para quando voltar de Tóquio.

Em entrevista logo após a luta, Abner falou sobre os treinamentos para o Campeonato Mundial Militar na Rússia e para o Campeonato Mundial de Boxe em Belgrado, na Sérvia.

O atleta levou a quinta medalha de bronze do boxe brasileiro na história dos Jogos Olímpicos: além dele, Servílio de Oliveira (Cidade do México 1968) e Adriana Araújo, Yamaguchi Falcão e Esquiva Falcão (Londres 2012) conquistaram a medalha.

A seleção brasileira tem ainda mais duas medalhas garantidas em Tóquio, com Hebert Conceição e Bia Ferreira, já classificados às semifinais em suas categorias.

Pugilista brasileiro Abner Teixeira comemora após vencer o jordano Hussein Iashaish e garantir a primeira medalha do boxe brasileiro nos Jogos de Tóquio — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Dias de incerteza

Abner Teixeira cai na semifinal e fica com a medalha de bronze no boxe

Abner Teixeira cai na semifinal e fica com a medalha de bronze no boxe

Há pouco mais de um ano, o agora medalhista olímpico viveu dias de incerteza sobre o futuro no esporte. Atleta da seleção brasileira, o boxeador foi temporariamente dispensado com o início da pandemia, ainda no primeiro semestre de 2020.

Além disso, recebeu a notícia de que a mãe havia sido infectada pelo coronavírus e, embora tenha embarcado imediatamente para o Brasil, foi praticamente "expulso" de Sorocaba por Izaudite, que não admitiu sua permanência em casa por conta do risco de também contrair a doença.

"Peguei Covid-19 e fiquei com 50% do pulmão comprometido. Pedi muito para que ele não viesse, mas não adiantou. Após 45 dias sem vê-lo, me tranquei no quarto e só falava com ele através da porta, morrendo de medo de ele pegar também. De dentro do quarto eu dizia 'vá embora agora' ou respondia por mensagem. E ele foi. Me senti muito mal por isso, mas sabendo que era o melhor a ser feito", lembra a mãe.

Izaudite revela que, por conta dos rígidos protocolos de saúde durante a pandemia, o filho já foi submetido a 230 exames PCR para a detecção do coronavírus. Hoje, conta a mãe aliviada, Abner já recebeu as duas doses da vacina contra a doença.

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*Com informações de César Santana e Emílio Botta/GE

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