Por Gustavo Chagas, G1 RS


Kelvin comemora prata no skate: 'Não é só minha'; judoca Cargnin agradece à mãe

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A mãe do judoca Daniel Cargnin, de 23 anos, que conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, neste domingo (25), falou da homenagem recebida logo após o atleta deixar o tatame. Em Porto Alegre, Ana Rita Borges lembrou com emoção dos desafios enfrentados pelo filho.

"Foi emocionante, claro. Foi tenso, momentos de bastante tensão, coração apertado. Mas depois, o momento em que ele extravasou, saiu chorando, foi um momento muito bonito. A entrevista foi uma coisa emocionante, passa um filme na cabeça da gente", disse ao G1.

Ao ser entrevistado pelo repórter Edgar Alencar, do Grupo Globo, ainda dentro do Budokan, o ginásio das artes marciais, Daniel Cargnin falou do apoio que recebeu da mãe ao longo da carreira. Veja acima.

"Queria que a minha mãe estivesse aqui. A gente sonhou isso junto. Vou ser bem sincero, o que eu queria agora era poder pegar, ligar para ela e falar que valeu a pena", afirmou.

Com tatuagem no peito homenageando a família, Daniel Cargnin foi homenageado pela mãe — Foto: Instagram e arquivo pessoal

Daniel Cargnin tem uma tatuagem no peito, com a palavra "família" em japonês. A mãe, que nunca tinha feito uma tatuagem, revelou ao G1 que decidiu homenagear o filho antes da viagem para Tóquio. Veja vídeo abaixo.

Agora, com a medalha de bronze, Ana Rita pretende atualizar a marca que fez no corpo. "Graças a Deus, deu certo. Eu vou tatuar o bronze dele", contou.

Mãe do judoca Daniel Cargnin faz tatuagem para homenagear filho

Mãe do judoca Daniel Cargnin faz tatuagem para homenagear filho

Ana Rita viu a luta do filho caçula pela televisão ao lado de familiares. Ela falou da tensão, principalmente nos minutos finais do confronto contra Baruch Shmailov, de Israel. Veja abaixo.

"Nós estávamos assistindo, na sala, à luta. Ficamos aqui esperando. Quando eu olhei, faltavam 57 segundos. Aqueles 57 segundos demoraram duas horas para passar, não terminava nunca. Quando zerou o placar... Nossa! Respira, fala, pensa de novo. Aí passou", disse aliviada.

O judoca conquistou a medalha de bronze na categoria até 66kg. O ouro ficou com o japonês Hifumi Abe, já a prata foi para Vazha Margvelashvili, da Geórgia. Mais cedo, o Brasil foi prata no skate street, com Kelvin Hoefler.

Brasileiro Daniel Cargnin conquista medalha de bronze no judô

Brasileiro Daniel Cargnin conquista medalha de bronze no judô

Trajetória

O judoca lembrou de uma ocasião quando, ainda jovem, após um treino difícil, foi consolado pela mãe. Cargnin é atleta da Sociedade Ginástica Porto Alegre (Sogipa).

"Eu era pequeno e eu voltei chorando do treino, porque eu tinha apanhando muito no treino. Ela falou assim: 'Não, Dani. Vamos sair para comer alguma coisa e amanhã é um novo dia'", recordou.

Ana Rita recordou das palavras que destinava ao filho em situações como essa.

"Meu filho, só tem um jeito de não chorar, de não sofrer. O esporte não tem que ser para fazer as pessoas sofrerem, tem que ser para dar alegria. A única maneira de não sofrer, de ser feliz no esporte, é treinar, treinar e treinar", comentou.

Daniel Cargnin, de quimono azul, durante luta nas quartas de final do judô masculino categoria até 66kg nos Jogos Olímpicos de Tóquio neste domingo (25) — Foto: Vincent Thian/AP Photo

Na preparação para as Olimpíadas, Cargnin voltou a encontrar apoio em casa. O medalhista chegou a contrair o coronavírus, deixando de disputar o mundial da categoria.

"Eu, desde a pandemia, no início de competições, eu machuquei duas, três vezes. Não fui para o Mundial porque, infelizmente, eu peguei a Covid na época. E eu cheguei a pensar: 'pô, por que não está dando certo?', sabe? Eu me esforcei bastante nesse tempo. Eu fiquei na casa da minha mãe, ela me deu todo este suporte", recordou.

"Tudo acaba tendo um motivo. Eu disse para ele nessa ocasião: 'Dani, quem sabe tu não foste para o mundial porque, de repente, tu te machucas ou acontece alguma coisa que prejudique a Olimpíada'. Tudo aconteceu da forma que tinha que acontecer. Estamos com a medalha", comemorou Ana.

Daniel Cargnin disse ter pensado em desistir do esporte, diante das dificuldades.

"Eu saí de casa muito cedo, eu sabia que ia ter que sair um pouco do cômodo da minha mãe para criar uma garra, uma vontade. Eu não me arrependo. Mas eu lembro que, quando eu estava vindo para a Olimpíada, eu falei para minha mãe: 'Quando passar a Olimpíada, independente do que acontecer, eu estou tranquilo, porque eu posso voltar para casa'", disse Cargnin.

Daniel Cargnin conquista primeiro bronze do Brasil — Foto: COB

Homenagens

A conquista de Daniel Cargnin rendeu homenagens de autoridades, amigos e colegas do judô. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), comemoraram a medalha do gaúcho nas redes sociais. Veja abaixo.

Ao G1, o técnico de judô e secretário de Esportes, Lazer e Juventude de Porto Alegre, Antônio Carlos de Oliveira Pereira, o Kiko, analisou a luta que rendeu o bronze para Cargnin.

"O Daniel teve uma grande participação, estava muito difícil a competição. Mas, realmente, ele se superou. Estamos muito felizes aqui em Porto Alegre, aqui na Sogipa. É a nossa quinta medalha olímpica", comentou.

Cargnin se junta a três judocas na lista de medalhistas olímpicos do clube de Porto Alegre. São eles, Tiago Camilo, bronze em Pequim (2008); Mayra Aguiar, bronze em Londres (2012) e no Rio de Janeiro (2016); e Felipe Kitadai, também bronze em Londres (2012).

Governador do RS e prefeito de Porto Alegre saudaram judoca Daniel Cargnin — Foto: Reprodução/Twitter

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