Witzel usa e abusa na CPI
Mais uma vez a tropa de choque se dá mal na ideia de comprometer governadores
O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel foi esperto. Tirou proveito total do habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal para usar o convite para depor na CPI da Covid-19 a seu favor.
Witzel compareceu, evitando ser acusado de fugir do embate, mas usou o depoimento para se defender das acusações que o levaram ao impeachment. Atacou o desafeto Jair Bolsonaro e, quando atacado pela tropa de choque do Planalto, escudou-se no HC e se retirou. Isso depois de deixar algumas pistas para a CPI investigar supostas malfeitorias federais no Rio.
Os governistas já haviam tido um revés no plano de convocar depoentes que pudessem criar embaraços aos governadores, no depoimento do ex-secretário de Saúde do Amazonas. Marcellus Campêlo, em seu despreparo e tentativa de não se comprometer, deixou patente que o colapso amazonense foi resultado de ações e omissões compartilhadas pelos governos estadual e federal.
Deram outro tiro no pé ao chamar Witzel. Proporcionaram a ao ex-governador um palanque de defesa usado também por ele para fazer pesados ataques a Bolsonaro, a quem acusou de “montar uma narrativa” destinada a responsabilizar governadores pelos prejuízos da pandemia.
O mais grave, contudo, foram as “iscas” lançadas por Wilson Witzel em relação ao Planalto, insinuando a ocorrência de ilícitos nos hospitais federais do Rio. Avançou até mesmo sobre o caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e o possível envolvimento de milicianos nos atos contra a adoção de medidas restritivas à contaminação no Estado.
Witzel prometeu dar detalhes em depoimento sob segredo de Justiça o que obviamente foi prontamente aceito pela CPI.