Por Pedro Alves, G1 DF


UTI em hospital no DF em imagem de arquivo — Foto: TV Globo / Reprodução

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, estima que a expectativa de vida dos moradores do Distrito Federal deve cair 3,68 anos, por conta da pandemia de Covid-19. A taxa é a maior do país e representa quase o dobro da média nacional, de 1,94 ano.

A expectativa de vida ao nascer indica o número médio de anos de vida esperado para um recém-nascido, se mantido o padrão de mortalidade existente, em determinado local, no ano considerado. Na pesquisa mais recente feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, a expectativa de vida na capital era de 76,9 anos, a segunda mais alta do país.

O estudo de Harvard também estima que o DF deve ter a maior redução de expectativa de sobrevida para pessoas com 65 anos. A taxa deve ficar em 3,08 anos. Ou seja, se mantidas as mesmas condições, a média de anos de vida restantes para idosos cai mais de três anos.

O estudo foi publicado como pré-print, ou seja, uma versão preliminar ainda sem revisão de outros especialistas da área, na plataforma medRxiv.

Causas

De acordo com a pesquisa, a queda na expectativa de sobrevida para idosos de 65 anos coloca o DF em patamares vistos antes do ano 2000. "Nós mostramos que a expectativa de vida na presença da Covid-19 é equivalente a níveis observados no Brasil entre 15 e 20 anos atrás, dependendo do estado", diz o artigo.

Os pesquisadores afirmam que os números podem ser ainda mais graves, devido à subnotificação de casos e mortes pelo novo coronavírus, além dos efeitos que o vírus pode causar a longo prazo e o impacto causado no sistema de saúde. "É possível que a Covid-19 tenha sido a causa de mortes que ocorreram em casa, e outras em que a causa do óbito não foi propriamente identificada, por falta de testagem."

"A mortalidade por outras causas pode ter mudado também, por duas razões. Uma é que as pessoas que sobreviveram à Covid-19 podem ter se tornado mais vulneráveis a outras condições, a curto prazo, devido a outras comorbidades. Um segundo fato é o adiamento de testes e outros procedimentos médicos, evitação da procura por atendimento de emergência, e interrupção de tratamentos por outras patologias que não a Covid-19, por conta da superlotação de hospitais, o que pode ter causado complicações fatais", diz a análise.

"Em resumo, o número de mortes pela Covid-19 no Brasil tem sido catastrófico. Ganhos de longevidade por estado, alcançados ao longo dos anos ou até décadas, foram revertidos pela pandemia. A falta de uma resposta rápida, coordenada e igualitária, informada pela ciência, assim como a promoção da desinformação, tem sido a marca da administração atual."

Covid-19 no DF

Até a noite de domingo (18), o Distrito Federal tinha registrado 7.210 mortes pela Covid-19. Os meses de março e abril têm sido os mais letais desde o início da pandemia na capital. O total de infectados pelo vírus chegou a 366.708.

Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!