Por Bárbara Carvalho, GloboNews


VÍDEO: Babá do menino Henry chega à delegacia no Rio para prestar depoimento

VÍDEO: Babá do menino Henry chega à delegacia no Rio para prestar depoimento

Babá do menino Henry Borel, Thayná de Oliveira chegou no início da tarde desta segunda-feira (12) à 16ª DP (Barra da Tijuca) para prestar um novo depoimento sobre a morte do garoto. Thayná entrou correndo na delegacia, coberta por um agasalho (veja no vídeo acima).

O depoimento estava marcado para 15h e começou por volta das 15h40. Até as 19h, ela seguia na delegacia.

A polícia afirma que Thayná mentiu no primeiro depoimento, ao não contar sobre a troca de mensagens com a mãe de Henry, Monique Medeiros, relatando supostas agressões ao menino em fevereiro.

A conversa entre as duas ajudou os investigadores a descartar a hipótese de acidente para a morte da criança.

Os agentes descobriram também que Thayná e a empregada doméstica Leila Rosângela de Souza, a Rose, se reuniram previamente com o advogado de Dr. Jairinho e Monique, André França Barreto, antes de depor. Para a polícia, Rose também mentiu.

A polícia quer esclarecer por que Thayná não relatou o episódio de 12 de fevereiro, descoberto graças ao conteúdo recuperado de celulares com a ajuda de um software israelense.

Thayná, babá de Henry, manda uma selfie para a mãe do garoto após a suposta sessão de tortura por Dr. Jairinho em fevereiro — Foto: Reprodução

'Toda vez faz isso', disse Henry sobre Jairinho

Na conversa, Thayná descrevia em tempo real uma suposta sessão de tortura praticada por Dr. Jairinho (sem partido) e revelou que as agressões eram frequentes.

“Então, [Henry] me contou que [Jairinho] deu uma banda [uma rasteira] e chutou ele, que toda vez faz isso”, disse a babá, na tarde de 12 de fevereiro.

“Falou que não pode contar, que tem que obedecer ele, senão vai pegar ele”, emendou Thayná.

A babá relatou ainda a Monique que Henry estava mancando e que ele reclamou de dores na cabeça. No dia seguinte à troca de mensagens, Monique levou Henry a um hospital em Bangu e alegou aos médicos que o filho tinha caído da cama.

Henry Borel — Foto: Reprodução

O trecho destacado pela polícia vai das 16h30 às 18h03 de 12 de fevereiro. Nas primeiras mensagens, Henry está trancado com o padrasto na suíte do casal. Às 16h33, Thayná relata que Jairinho abriu a porta do quarto, e Henry vai para o colo dela.

Monique tenta detalhes, mas Thayná avisa que Jairinho rondava pela sala, "prestando atenção" no que estavam fazendo.

Às 17h, o vereador liga para a namorada, dizendo que tinha acabado de chegar em casa. "Pô, já chegou [tem] um tempão", ressalta Thayná. "Estranho demais, responde Monique.

Às 17h03, Jairinho sai de casa, e Henry finalmente relata o ocorrido meia hora antes.

Thayná sugere à patroa uma "rota de fuga" para evitar novas agressões.

“Combinei com ele agora: toda vez que Jairinho chegar e você [Monique] não tiver, eu vou chamar ele para a brinquedoteca, e ele vai aceitar ir”, escreveu a babá.

“Porque estou aqui para proteger ele. Aí eu disse: ‘Se você confia na tia, me dá um abração. Aí ele me deu.”

Imagem recuperada pela polícia mostra Henry de braço dado com Thayná, a babá, depois de uma suposta sessão de tortura por Jairinho — Foto: Reprodução

23 lesões por ação violenta

O laudo da reconstituição da morte do menino Henry Borel, que o Fantástico deste domingo (11) mostrou com exclusividade, descartou “a possibilidade de um acidente doméstico (queda)”, a exemplo do que já tinha apontado a necropsia do corpo do garoto.

Os peritos afirmaram que as 23 lesões encontradas em Henry “apresentavam características condizentes com aquelas produzidas mediante ação violenta (homicídio)”. Entre essas lesões, estão, por exemplo, a laceração no fígado, danos nos rins e a hemorragia na cabeça.

VÍDEO: Caso Henry: Veja detalhes e a conclusão da reprodução simulada da morte do menino

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Na última quinta-feira (8), Jairinho e Monique foram presos. A prisão se deu pela suspeita de homicídio duplamente qualificado –com emprego de tortura e sem chance de defesa para a vítima –, por atrapalhar as investigações e por ameaçar testemunhas para combinar versões.

A reprodução simulada do dia da morte do menino foi feita no dia 1º de abril. Policiais civis e peritos testaram todas as possibilidades de queda no quarto — como sustentaram o vereador e a professora em depoimento à polícia.

“Não há a menor hipótese de ele ter caído, quer seja da cama, quer seja da poltrona, quer de uma estante, que tem 1,20 metro de altura”, afirmou Denise Gonçalves Rivera, perita criminal da Polícia Civil do RJ.

“Fizeram todas as medições e viram que, em nenhuma dessas circunstâncias, ele teria essas lesões que a necropsia apresentou”, emendou.

Ainda segundo o laudo da reprodução, há lesões de baixa e de alta energia, provenientes de ações violentas entre 23h30 e 3h30. No depoimento, a mãe afirmou que o filho acordou três vezes com o barulho da televisão da sala, onde Monique e Jairinho assistiam a uma série.

"É possível que Henry tenha sido agredido cada vez que ele ia reclamar", disse Denise.

Relembre o caso

VÍDEO: O que se sabe sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio

VÍDEO: O que se sabe sobre a morte do menino Henry Borel, no Rio

  • Henry estava no apartamento onde a mãe morava com o vereador Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca, e foi levado por eles ao hospital, onde chegou já sem vida na madrugada de 8 de março;
  • O casal alegou que o menino sofreu um acidente em casa e que estava "desacordado e com os olhos revirados e sem respirar" quando o encontraram no quarto;
  • Mas os laudos da necropsia de Henry e da reconstituição no apartamento do casal afastam essa hipótese;
  • O documento informa que a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática [no fígado] causada por uma ação contundente [violenta].
  • A polícia diz que, semanas antes de ser morto, Henry foi torturado por Jairinho. Monique sabia;
  • Nesta quinta (8), Dr. Jairinho e Monique foram presos temporariamente, suspeitos de homicídio duplamente qualificado, de tentar atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas.

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