Emparedado com o cenário de criação da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro tenta emplacar uma estratégia para dispersar o foco da investigação, com a inclusão de governadores e prefeitos.
A tática é ampliar ao máximo o escopo CPI para que fique diluída a investigação contra ações e omissões do governo no enfrentamento da pandemia.
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O modo desespero do presidente Bolsonaro foi evidenciado neste fim de semana, depois da dificuldade do governo em retirar assinaturas do requerimento da CPI e, com isso, evitar a instalação da comissão.
O maior temor no Palácio do Planalto é com o desgaste político provocado pela CPI ao expor o governo. Neste domingo (11), o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) divulgou em redes sociais um telefonema gravado no sábado (10) com o presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro cobra do senador que a CPI da Covid só vai investigar o governo federal, e não governadores e prefeitos. E diz temer que o relatório da comissão seja – nas palavras de Bolsonaro – "sacana".
A avaliação interna é que a criação da comissão de inquérito deixará o presidente Jair Bolsonaro ainda mais dependente do Centrão, no momento em que senadores e deputados do bloco cobram a sanção do Orçamento.
STF
Já a tentativa de Bolsonaro de intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF) teve efeito contrário. Nas palavras de um integrante da Corte, toda vez que outro poder tentou ameaçar o STF, os ministros demonstraram unidade.
Na conversa telefônica, Bolsonaro pressionou o senador Jorge Kajuru a fazer pedidos de impeachment de ministros do STF. Fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes. Na sexta-feira, atacou o ministro Luiz Roberto Barroso, que tomou a decisão liminar pela instalação da CPI.
A expectativa é que, de forma majoritária, a Corte reafirme a decisão de Barroso no julgamento da quarta-feira. “O Supremo não será intimidado. Essa mesma tentativa foi feita no ano passado e a Corte mostrou unidade”, disse ao blog um integrante do STF, ao lembrar dos ataques sofridos pelos ministros no ano passado.